6 Mar, 2024

Rastreio neonatal CMV com pools de saliva

“O citomegalovírus (CMV) é a infeção congénita mais frequente em praticamente todo o mundo, nomeadamente nos países mais desenvolvidos”, alerta Paulo Paixão, investigador na Nova Medical School.

Sendo da família do vírus herpes, o CMV pode ter consequências mais negativas quando contraído durante a gravidez, levando à progressiva surdez da criança. “Dado que 5-15% dos recém-nascidos assintomáticos desenvolverão sequelas tardias, a implementação de um rastreio universal permitiria a identificação de crianças infetadas e a intervenção precoce”, defende Paulo Paixão.

“O rastreio universal ainda não existe, porque, primeiro, não existe suficiente sensibilização e informação sobre este problema de saúde; segundo, é muito dispendioso”, explica em declarações ao SaúdeOnline.

Nesse sentido, uma equipa da Nova Medical School (NMS) tem colaborado com maternidades para se encontrar uma solução. Primeiramente, como diz, é preciso saber quantas crianças são infetadas. “Antes da pandemia, era do conhecimento de que havia 500 casos por ano, em Portugal. É um número significativo, tendo em conta as consequências negativas do CMV nos primeiros anos.”

Feito esse estudo, o objetivo, segundo o investigador, é avançar com uma técnica menos onerosa e que consiste no uso de pools de saliva de 10 e 20 amostras para deteção de CMV. “Já fizemos este estudo. Foram testadas amostras de saliva negativas, com uma cultura da estirpe AD169 e noutro conjunto de experiências juntaram-se amostras de saliva negativas com amostras de recém-nascidos com infeção congénita confirmada CMV confirmada nas primeiras três semanas de vida”, começa por explicar.

Continuando: “Foram testadas individualmente e após diluição em 10 e 20 pools por um RT-PCR ‘interno’. Ambas as metodologias de pool, amostras de 10 pools e 20 pools, tiveram 100% de sensibilidade e especificidade quando comparadas com amostras individuais.”

Esta metodologia poderia permitir, segundo afirma, “uma redução de custos próxima de 85% e 89%, respetivamente, para a abordagem de 10 grupos e de 20 grupos, quando comparada com o teste de cada amostra individual”.

Paulo Paixão e a sua equipa acreditam que desta forma é possível avançar com um rastreio em maior escala e assim evitar as piores sequelas da infeção por CMV.

MJG

 

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