Medicina da Reprodução. “Vamos abordar temas da maior relevância científica, pela sua atualidade e importância clínica”
O 9.º Congresso Português de Medicina da Reprodução vai decorrer entre 9 e 11 de maio, em Albufeira. Pedro Xavier, presidente da Sociedade Portuguesa de medicina da Reprodução, destaca, entre outros, a sessão conjunta entre as sociedades portuguesa e espanhola.
O que gostaria de destacar do Congresso deste ano?
O 9.º Congresso Português de Medicina da Reprodução vai ser um evento com grande impacto na comunidade nacional que se dedica a esta área dos cuidados de saúde. Vamos abordar temas da maior relevância científica, pela sua atualidade e importância clínica. Destaco a abordagem das diferentes estratégias para a transferência de embriões criopreservados, os avanços na cirurgia da reprodução e as novas tecnologias aplicadas à procriação medicamente assistida. Contaremos com vários palestrantes nacionais e internacionais de elevado prestígio mundial. Realço ainda a realização de uma sessão conjunta entre a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução e a Sociedade Espanhola de Fertilidade.
Esperam quantos participantes?
Contamos ter cerca de 250 congressistas, destacando-se a participação de médicos, embriologistas, psicólogos e enfermeiros. Trata-se de um número muito significativo de participantes atendendo ao facto de a área da medicina da reprodução ser muito específica.
“A legislação a aplicar a esta modalidade de tratamento está ainda por regulamentar e comporta uma série de desafios, nomeadamente os que se referem à possibilidade de arrependimento”
Uma das sessões é sobre “A gestação de substituição em Portugal. Aspetos éticos e legais”. O que é mais preocupante nesta área?
Este é um tema de grande relevância, não apenas científica, mas também social. A legislação a aplicar a esta modalidade de tratamento está ainda por regulamentar e comporta uma série de desafios, nomeadamente os que se referem à possibilidade de arrependimento que foi atribuída à gestante por imposição do Tribunal Constitucional.
Vai falar-se sobre a realidade espanhola. É muito diferente da portuguesa?
Do ponto de vista clínico, tecnológico e científico não há grandes diferenças, uma vez que o conhecimento científico atualmente não tem fronteiras e todos temos acesso aos avanços que vão surgindo permanentemente. No entanto, a realidade espanhola e a portuguesa diferem no enquadramento legal da procriação medicamente assistida, nomeadamente no que diz respeito ao anonimato nas doações de gâmetas e embriões (só permitido em Espanha) e na gestação de substituição (só permitida em Portugal, embora ainda sem luz verde para se iniciarem os tratamentos).
Nos próximos tempos, o que se pode esperar em termos de inovação nesta área da PMA? Muitos avanços ou a consolidação do que já é prática clínica?
Os avanços acontecem ininterruptamente, embora alguns deles não se consolidem com o tempo e acabam mesmo por ser abandonados. Atualmente o que se observa é uma consolidação das técnicas de criopreservação de gâmetas e embriões, que abriram as portas aos tratamentos de preservação do potencial reprodutivo, sobretudo através da congelação de ovócitos. Também permitiram criar novas estratégias de tratamento na procriação medicamente assistida, com melhoria da eficácia e segurança.
MJG