26 Jul, 2024

Enfermeira apela a visitas domiciliárias a idosos em risco de violência

Implementar, em todas as unidades de saúde familiar (USF), visitas domiciliárias para prevenir e detetar casos de violência contra idosos é uma medida defendida pela enfermeira Cristina Veríssimo.

Enfermeira apela a visitas domiciliárias a idosos em risco de violência

A violência contra pessoas idosas é, sobretudo, psicológica e financeira, de acordo com um estudo realizado em Coimbra, antes da pandemia, e que contou com 427 pessoas (60-95 anos) que viviam na comunidade (domicílio). Esta é a principal conclusão da investigação realizada no âmbito do Doutoramento da enfermeira especialista em Saúde Comunitária e de Saúde Pública, Cristina Veríssimo.

Destas mais de quatro centenas de participantes, 39,4% dos inquiridos revelaram ter sido vítimas de algum tipo de violência: psicológica (28,3%), financeira (12,9%), negligência (3,3%), física (2,8%), lesões físicas (1,6%) e sexual (0,2%). “Os números disparam quando falamos da prevalência da violência contra pessoas idosas ao longo da vida: 42,4% para a psicológica, 33,0% para a financeira, 15,7% para a física, 10,5% para lesões físicas e 4,9% para a violência sexual”, avança, em comunicado, a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.

Face a estes dados, Cristina Veríssimo defende a implementação de visitas domiciliárias em todas as USF, sempre que haja idosos em risco. “É uma oportunidade para prevenir, detetar precocemente estas situações e acompanhar os casos de risco.” Além disso, realça, “os enfermeiros devem aproveitar todas as oportunidades de contacto nos vários contextos de trabalho”.  Para tal, é importante trabalhar em equipa multidisciplinar, envolvendo a Saúde, mas também o setor Social e a Justiça.

Segundo a investigadora, a prevalência da violência psicológica, violência física e lesões físicas foi “significativamente superior” nas pessoas idosas com rendimentos mensais iguais ou inferiores a 500 euros. Os casos são também mais frequentes  no sexo feminino. Quanto às formas de violência por média etária, os mais novos reportaram mais a violência psicológica, enquanto os mais velhos mencionam a negligência.

Segundo as habilitações literárias, a análise feita pela professora da ESEnfC revelou que a prevalência da violência física e lesões físicas foi “significativamente mais elevada” nos indivíduos com habilitações inferiores ao 1º ciclo do que nos que tinham o 1º ciclo ou mais. Já no caso da violência financeira, os mais afetados foram os mais qualificados. Os agressores são, principalmente, membros da família nuclear.

Cristina Veríssimo conclui que é preciso dar continuidade ao estudo, tendo em conta que o mesmo se realizou antes da pandemia, podendo, após o isolamento, haver mais casos graves.

A tese de Doutoramento, intitulada “Violência Contra as Pessoas Idosas na Comunidade. Desafios e Prioridades para a Ação dos Enfermeiros”, foi defendida na Universidade Católica Portuguesa.

MJG

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