3 Abr, 2024

Covid longa e síndrome de fadiga crónica. “O impacto na vida é muito grande”

A 1ª Conferência Internacional sobre Avanços Clínicos e Científicos em EM/SFC e Covid Longa decorre entre hoje e amanhã, em Lisboa. António Vaz Carneiro, Diretor do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, é um dos responsáveis.

A relação entre as infeções e condições como a fadiga crónica, confusão mental e dificuldade de concentração, existe há muito, mas tem sido “menosprezada”, segundo António Vaz Carneiro, um dos responsáveis pela 1.ª Conferência sobre Encefalomielite Miálgica / Síndrome de Fadiga Crónica (EM/SFC) e Covid Longa.

Se a EM/SFC já é uma realidade há muitos anos, a covid longa foi a que levou a que surgissem mais estudos sobre esta interligação entre infeção e alguns sintomas a longo prazo.  “O impacto na vida é muito grande. No caso específico da covid longa, um estudo recente indica que, dos médicos britânicos que tiveram que pedir baixa médica por covid longa, ao fim de seis meses ainda não conseguiam voltar ao trabalho.

Subjacente a essa incapacidade está a fadiga intensa, as dores musculares e a falta de ar nem que seja para deslocações curtas dentro de casa, a confusão mental e a falta de memória que impedem de ler uma notícia completa num jornal. “As repercussões são enormes, porque, em regra, nem os familiares nem as entidades patronais acreditam nestes sintomas. Queremos alertar a população e os profissionais de saúde e, claro, tentar  definir guidelines para que possa haver uma resposta mais concreta”, diz António Vaz Carneiro.

Mas espera também que este primeiro encontro internacional possa ser o pontapé de partida para Portugal integrar estudos multicêntricos a nível mundial. “É preciso conhecer melhor estas entidades, partilhar conhecimento e reforçar a implementação de recomendações e normas orientadoras.”

Em declarações ao SaúdeOnline, recorda que a ideia de organizar o evento surgiu após um contacto de uma doente luso-americana a pedir apoio para se divulgar o impacto destas condições clínicas. “Este evento é, acima de tudo, das associações de doentes”, menciona.

A conferência é organizada numa parceria entre o ISBE – Instituto de Saúde Baseada na Evidência, a NOVA Medical School – Faculdade de Ciências Médicas, o coletivo Millions Missing Aliança e a Myos – Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica A conferência decorre hoje e amanhã nas instalações da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, mas as intervenções também estão disponíveis em streaming. Amanhã será uma sessão apenas para profissionais de saúde.

No final destes dois dias, António Vaz Carneiro espera se criem condições para se formar uma rede de contactos, quer para investigação quer ao nível social. “É preciso continuar este trabalho de sensibilização e, obviamente, apostar ainda mais na investigação para se dar resposta aos doentes de hoje, mas também para se estar melhor preparado para as consequências de futuras pandemias”, conclui.

MJG

Notícia relacionada

Pelo menos 17 milhões de pessoas sofreram de ‘Long Covid’ na zona europeia da OMS

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais