“Foram alcançados muitos progressos no tratamento da esclerose múltipla”

Entrevista com Ali-Frederic Ben-Amor, Vice-Presidente da Global Medical Affairs Neurology & Immunology da Merck, Suíça

Qual a principal meta a alcançar no tratamento da Esclerose Múltipla (EM)?

BEN-AMOR: O que pretendemos alcançar é aquilo a que se chama NEDA (no evidence of disease activity), o que em português significa «nenhuma evidência da atividade da doença». Muitos medicamentos não permitem um bom controlo da doença durante um período mais longo. A Merck está a desenvolver novas terapêuticas que permitem oferecer uma eficácia sustentável. Este tipo de medicação crónica, faz parte de um grupo emergente que está a permitir mudar o paradigma de tratamento.

Em que sentido?

BEN-AMOR: Tem tudo que ver com democratização! Há 20 anos, os telemóveis eram apenas acessíveis a um pequeno grupo e, hoje em dia, temos mais pessoas com acesso ao iPhone do que a água potável. Isso mudou o paradigma das telecomunicações. Por isso, se conseguirmos imaginar medicamentos que possam oferecer uma mudança na resposta imunitária durante alguns anos, poderíamos de certa forma controlar a evolução da doença. É a essa «democratização» do sistema imunitário que começamos a assistir – ainda que as formas progressivas da doença sejam muito menos inflamatórias.

O que é que isso pode significar para os doentes?

BEN-AMOR: Estamos agora numa fase em que tentamos oferecer os mesmos benefícios, mas de forma mais simples e com um menor peso do tratamento. Isso é não só importante para o doente, mas também para os profissionais de saúde. É essencial que o tratamento seja fácil de gerir. Tal como noutras áreas da medicina, muitas vezes os progressos resultam não do aparecimento de novos tratamentos, mas de uma melhor utilização dos que já existiam.

 

* Entrevista realizada durante o 4.º Congresso Internacional de Esclerose Múltipla, na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Porto, de 9 a 11 de março.

 

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