2 Nov, 2020

Há registo de cinco profissionais de saúde agredidos por dia

Até março, foram registados 500 episódios de agressões físicas e ameaças nos centros de saúde e nos hospitais. Injúrias e ameaças nas redes sociais estão também a aumentar.

No primeiro trimestre de 2020, foram sinalizadas cerca de 500 agressões nos serviços de saúde públicos e privados, avança o Jornal de Notícias. Cerca de 50 dos episódios incluíram violência física, mas a maioria consistiu em agressões psicológicas. Também nas redes sociais, as injurias e ameaças dirigidas aos profissionais de saúde têm vindo a aumentar.

O Governo garante que está a ser feito um reforço do apoio aos agredidos, através de um atendimento específico na linha telefónica SNS24. Com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) sob pressão devido à pandemia, as associações profissionais do setor alertam para um aumento da violência causado pela frustração dos utentes, devido aos atrasos na resposta e pedem medidas fortes e imediatas.

Em declarações ao JN, Noel Carrilho da Federação dos Médicos, diz que “o aumento da frustração dos utentes obriga a um reforço forte e efetivo dos meios humanos do SNS e não à repetição de promessas.” Já Diogo Urjais, da Associação das USF defende que “é preciso um Simplex no SNS para as tarefas burocráticas, que permita aos profissionais terem tempo para os utentes.”

 

Várias associações do setor alertam para descontentamento dos utentes

 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados pelo JN, registaram-se 498 casos de agressões nos primeiros 91 dias do ano. Este registo está na plataforma “Notifica”, da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que serve para o reporte voluntário de atos violentos e ameaças “no SNS, mas também fora dele”. A notificação pode ser feita pela vítima ou por terceiros – por exemplo, pelos familiares dos profissionais de saúde.

As associações do setor têm alertado para os efeitos do descontentamento dos utentes com o adiamento de consultas e cirurgias.

Em declarações ao JN, Lúcia Leite da Associação de Enfermeiros questiona “o que se espera dos utentes que ligam para as unidades de saúde e não são atendidos ou veem as suas consultas adiadas?”

Já António Manuel Marques, diretor da Escola Superior de Saúde de Setúbal, alerta para “os atuais efeitos do medo, do cansaço e da pressão da espera nos utentes”.

“Sem querer ser alarmista”, o diretor da Escola Superior de Saúde de Setúbal diz ao JN que acha difícil que este tempo de incerteza “não traga uma ampliação da violência”.

AR/JN

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