Urgência de obstetrícia do Hospital de Setúbal fecha por falta de médicos
Encerramento durante 24 horas obrigou a desviar grávidas para outros hospitais. Saíram cinco médicos do Hospital de Setúbal em 2020.
A urgência de obstetrícia do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, está encerrada desde as 09:00, situação que se irá prolongar por 24 horas, devido à falta de médicos desta especialidade, informou à Lusa fonte do centro hospitalar.
“É uma questão pontual, por falta de recursos humanos”, indicou o gabinete de comunicação do Centro Hospitalar de Setúbal.
Depois do encerramento pelo período de 24 horas, a urgência de obstetrícia do Hospital de São Bernardo deverá voltar a funcionar normalmente “a partir das 09:00 de quinta-feira”, referiu a mesma fonte.
“O Centro Hospitalar de Setúbal e os hospitais da Península de Setúbal trabalham de forma articulada”, afirmou o gabinete de comunicação, explicando que as grávidas estão a ser encaminhadas para os outros dois hospitais da região, designadamente o Hospital Garcia de Orta, em Almada, e o Centro Hospitalar Barreiro Montijo.
No âmbito do encerramento da urgência de obstetrícia do Hospital de São Bernardo, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) tem já indicação de que as grávidas devem ser atendidas nos outros dois hospitais.
Em 17 de fevereiro de 2020, a Ordem dos Médicos alertou para a possibilidade de encerramento da urgência de obstetrícia do Hospital de São Bernardo, devido à saída de cinco médicos daquele serviço no final desse ano.
“O serviço de obstetrícia está em perigo de desaparecer, em termos de urgência e não só. De nove médicos, cinco vão-se embora no final do ano. As idades dos médicos, em geral, são muito elevadas, passam os 55 anos”, disse Daniel Travancinha, do Conselho Sub-Regional de Setúbal da Ordem dos Médicos.
Daniel Travancinha falava aos jornalistas no final de uma reunião com a direção clínica do Hospital de São Bernardo, em que também participou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e na qual foram abordados alguns problemas, como as agressões a médicos e a necessidade de ampliação daquela unidade hospitalar.
Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, “a obstetrícia e a ginecologia, se nada for feito nos próximos três ou quatro anos, vai ter de fechar a urgência externa, sendo que este ano [2020] já existem dias em que a urgência está fechada por falta de médicos”, corroborou o bastonário.
LUSA