11 Jan, 2023

Já há mais de 1500 utentes a aguardar vaga em unidades de cuidados continuados

Há mais 250 pessoas a aguardar vaga em comparação com 2021, quase metade na região de Lisboa. Os elevados tempos de espera limitam o acesso. Governo quer abrir mais de cinco mil camas nos próximos anos.

Enquanto não se sente o impacto do dinheiro europeu, via Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), na construção de mais Unidades de Cuidados Continuados Integrados (UCCI), vai aumentando o número de utentes que esperam uma vaga na Rede Nacional, que continua longe de satisfazer as necessidades da população. Segundo o Público, no dia 31 de Dezembro de 2022, havia 1562 utentes a aguardar uma vaga em UCCI, mais 252 pessoas do que um ano antes.

Aliás, a situação tem vindo a agravar-se de forma consistente nos últimos anos. Entre 2019 e 2022, o número de utentes a aguardar vaga aumentou 88%. Já o número de vagas praticamente estagnou entre 2021 e 2022, em torno dos 15.800 lugares em toda a rede.

A região de Lisboa e Vale do Tejo é que concentra o maior número de utentes a aguardar vaga: são 649. Segue-se a região Norte, com 454, o Centro (281), o Algarve (91) e o Alentejo (87).

Perante a inevitável tendência de intensificação do envelhecimento da população portuguesa, o governo decidiu destinar parte das verbas do PRR a esta área, de modo a abrir, até final de 2025, cerca de 5500 novas camas em UCCI.

No entanto, a Entidade Reguladora da Saúde alertava há poucos meses, aquando da apresentação do seu mais recente relatório sobre a monitorização da RNCCI, que, mesmo com o reforço de camas anunciado, a capacidade da Rede Nacional de Cuidados Continuados continuará abaixo do que seria necessário, tendo em conta não só o envelhecimento da população mas também um previsível aumento da referenciação para as unidades de cuidados continuados (uma forma de libertar camas hospitalares para casos agudos e de garantir, ao mesmo tempo, uma melhor acompanhamento para os doentes que necessitam de acompanhamento prolongado).

Neste momento, o tempo de espera para aceder a uma vaga é elevado, o que inibe a referenciação. No entanto, ao Público, Filomena Cardoso, da direção executiva do SNS, sublinha que esse não pode ser um fator impeditivo. A espera é particularmente longa no caso das Unidades de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção e nos grandes centros urbanos.

A juntar à falta de camas, soma-se agora um outro problema: a fragilidade de algumas unidades, que se debatem com a falta de profissionais, um subfinanciamento crónico e agora a subida galopante da inflação. O presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, José Bourdain, adianta que “ainda há um ano, foram à falência duas unidades de cuidados continuados”. Entretanto, e perante os pedidos de mais financiamento, o governo decidiu em novembro reforçar a verba paga por cada utente entre 5 e 15%, com retroativos a janeiro de 2022.

SO

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