23 Out, 2023

ULSM nega ter obrigado médicos a acumular funções gerando risco

A administração do Hospital Pedro Hispano, da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), garantiu que não obrigou os médicos a acumular funções e negou as acusações da Federação Nacional de Médicos (FNAM) sobre “risco” para os doentes.

Em resposta à agência Lusa, a ULSM refere que “no contexto de recusa às horas extraordinárias – para além das previstas por lei – que está a acontecer em várias unidades hospitalares, no caso do Hospital Pedro Hispano por parte do Serviço de Cirurgia Geral, o conselho de administração fez um pedido de colaboração, pelo que não se coloca a questão da obrigatoriedade, como se afirma”.

“Importa salientar que não existe a obrigatoriedade de o médico residente dar apoio ao Serviço de Urgência, mas sim, se concordar, colaborar com o objetivo de orientar/encaminhar os casos clínicos e o seu seguimento, quando solicitado para o efeito”, lê-se na resposta.

Este esclarecimento surge no dia em que a FNAM acusou a administração da ULSM, que inclui o Hospital Pedro Hispano, de impor a acumulação de funções aos cirurgiões, gerando “risco” para os doentes. “O conselho de administração da ULSM coloca doentes em risco por estar a impor aos médicos cirurgiões a acumulação de funções em urgência interna e urgência externa”, descreveu a FNAM em comunicado.

De acordo com a FNAM, o serviço de urgência externa de cirurgia do Hospital Pedro Hispano dispõe apenas de urgência interna com um único especialista em presença física, para apoio exclusivo ao internamento.

Em setembro “a esmagadora maioria” dos médicos especialistas e internos do serviço de Cirurgia Geral do Hospital Pedro Hispano entregaram as declarações de indisponibilidade para a realização de trabalho suplementar para além do limite legal das 150 horas anuais. A urgência de cirurgia esteve fechada de sexta-feira a domingo.

“Em claro abuso por parte dos dirigentes da instituição, nomeadamente da Direção Clínica e Direção do Serviço de Urgência, foram emanadas ordens escritas para que o ‘residente’ acumulasse a discussão e orientação de casos na urgência externa, já que estes não são triados diretamente para a cirurgia, bem como eventuais transferências inter-hospitalares”, descreveu a FNAM.

Para a federação, “esta situação é absolutamente ilegal porque implica uma simultaneidade de funções”.

À Lusa, a ULSM negou que tivesse feito essa exigência e apontou que internamente já esclareceu a situação. “O conselho de administração já fez questão de esclarecer a situação junto dos médicos do Serviço de Cirurgia Geral (…). Evidentemente os profissionais reúnem todas as condições para tomarem a decisão que entenderem mais adequada, assegurando sempre a prestação de cuidados ao doente internado, pelo que não se coloca a situação de risco clínico”, apontou.

O conselho de administração de Matosinhos (distrito do Porto) reiterou, ainda: “Internamente, a situação está esclarecida e essa colaboração tem sido prestada, pontualmente, por médicos residentes, que continuam a dar apoio ao Serviço de Urgência, quando necessário e solicitado”.

LUSA

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