30 Jan, 2018

Ordem dos Médicos considera que ranking não traduz situação atual em Portugal

O bastonário da Ordem dos Médicos considera que ranking europeu de saúde não reflete a realidade degradante dos serviços em Portugal

“Não traduz exatamente a situação atual, que se tem vindo a degradar ao longo dos anos, que não tem parado de degradar-se”, afirmou Miguel Guimarães.

Segundo o ‘ranking’ europeu, Portugal manteve em 2017 o 14.º lugar melhorando em alguns indicadores, como a espera nas urgências e a saúde oral.

O bastonário assume que um 14.º lugar é uma posição favorável e considera que ela se deve em grande parte à qualidade da formação médica em Portugal, alertando, contudo, que há vários indicadores negativos.

Miguel Guimarães manifestou-se preocupado com o que considera serem resultados negativos de Portugal no acesso aos cuidados de saúde, na área da prevenção e nos produtos farmacêuticos ou acesso a medicação inovadora.

“São três áreas nobres. Sobretudo, o acesso em tempo útil, que é a principal dimensão da saúde. E nós aqui temos limitações. Nós tempos de facto dificuldades no acesso. Ninguém tem dúvidas de que a questão do acesso se tem agravado ao longo dos últimos anos. Não é uma questão exclusiva deste governo nem do anterior”, frisou.

Na área da prevenção, Miguel Guimarães lembrou que Portugal investe apenas cerca de 1% do seu orçamento de saúde em cuidados preventivos, considerando que tem de passar a ser uma aposta mais forte.

Também num comentário a este ‘ranking’, a diretora-geral da Saúde tinha já hoje manifestado satisfação com a posição de Portugal, sublinhando a melhoria em áreas como a espera nas urgências e a saúde oral.

“De um modo geral, estamos satisfeitos com a posição pois são 35 países e Portugal ocupa a 14.ª posição, pelo segundo ano consecutivo. Isto tem que ver com a consistência do nosso trabalho e com a ação junto dos doentes”, afirmou Graça Freitas.

A responsável sublinhou que Portugal vem da 20.ª posição e que agora já está à frente de países como Espanha, Reino Unido e Irlanda, mas diz que “o objetivo é melhorar sempre”.

“De facto, melhoramos numa área importante, que é o tempo de espera para serviços de urgência e na intervenção de saúde oral, e melhoramos na atividade física, que era uma área onde tínhamos de fazer algo pois é conhecido que somos dos países mais sedentários”, exemplificou Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde destacou ainda uma área em que Portugal obteve a pontuação máxima, que foi a do diagnóstico da diabetes, “um dos grandes problemas de saúde no país”.

Relativamente aos aspetos negativos, Graça Freitas diz que em muitos casos Portugal foi prejudicado pela falta de dados de boa qualidade, dizendo que há área onde se registaram francas melhorias, como é o caso do item que se refere à sobrevida dos doentes oncológicos.

LUSA/ SO

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