30 Dez, 2019

Medicamento para o acne ligado ao suicídio de 10 jovens. Infarmed está atento

Autoridades de Saúde britâncias suspeitam de uma ligação entre a toma de Isotretinoína e o aumento de pensamentos suicidas. Infarmed garante que "médicos estão avisados".

Soou o alerta no Reino Unido. As autoridades de saúde britânicas estão a investigar uma possível ligação entre o suicídio de dez jovens e a utilização de isotretinoína, uma fármaco usado para o tratamento do acne, adianta o jornal The Guardian.

Só este ano, pelo menos doze jovens morreram, dez dos quais pondo termo à própria vida, depois de terem tomado este medicamento, comercializado com o nome Roaccutane. Em Portugal, é vendido com o nome principal Isotretinoína. Apesar de não registarem, por cá, mortes associadas ao fármaco desde 2004, o Infarmed garante que a sua utilização está a ser monitorizada e que “os médicos estão avisados”.

A Isotretinoína está indicada para “casos extremos de acne”, esclarece o Infarmed, sendo dirigida a pacientes “com baixa auto-estima e que já podem ter algumas questões psicológicas para serem tratadas“. A ligação a patologias do foro psiquiátrico não é nova. Desde 1998 que existem relatórios a alertar para um risco aumento de depressão e efeitos secundários a nível mental. Aliás, na própria bula de um dos fármacos que contém esta substância ativa, recomenda-se prudência no uso a doentes que tenham tido “algum tipo de problemas de saúde mental”, como “depressão, tendências agressivas ou alterações do humor”.

No Reino Unido, onde se estima que 30 mil pessoas tomem o medicamento todos os anos, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde permite a comercialização do fármaco porque, nos estudos já realizados, não ficou comprovada uma relação de causalidade entre o medicamento e o aumento do risco de distúrbios psiquiátricos e suicídios.

Por cá, o Infarmed avisa que o medicamento pode causar um “comportamento não habitual” ou “sinais de psicose, uma perda de contacto com a realidade, como ouvir vozes ou ver coisas que não existem”. Entre os efeitos muito raros, que podem afetar “até uma em cada 10 mil pessoas”, “algumas pessoas tiveram pensamentos ou sentimentos sobre magoarem-se ou suicidaram-se, tentaram suicidar-se ou suicidaram-se”.

Quatro laboratórios em Portugal têm autorização para comercializar o medicamento,mas apenas dois o fazem: a Generis Farmacêutica e o Laboratório Medinfar. Por ser um fármaco em que é necessário medir bem a relação entre o benefício e o risco, a embalagem é vendida em Portugal com uma sinalética especial — um triângulo negro.

Segundo o jornal britânico, no Reino Unido já se registaram 88 mortes entre os utilizadores de Roaccutane desde 1998.

SO/LUSA

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