Interior do país mais afetado por falta de medicamentos
Mais de metade dos utentes (52%) deparou-se com indisponibilidade de medicamentos na farmácia durante 2018, percentagem essa que aumenta exponencialmente nas regiões do interior do país, revelou um estudo.
Cerca de 70% dos utentes da região da Guarda, Bragança e Beja depararam-se com alguma indisponibilidade dos medicamentos na farmácia, de acordo com o relatório sobre o “Impacto da Indisponibilidade do Medicamento no Cidadão e no Sistema de Saúde”, realizado pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR).
No último ano, 52,2% teve algum problema no que toca à disponibilização de fármacos nos locais de venda habituais, o que levou a que 1,4 milhões de utentes (21,5%) se deslocassem à sua unidade de saúde a fim de marcar uma consulta médica com vista a alterar os medicamentos prescritos.
No entanto, o recurso a estas consultas lesou não só os doentes (em 2,1 milhões de euros), como também o sistema nacional de saúde (numa média de 39,5 milhões de euros).
Devido à desertificação e uma diminuída capacidade económica, esta situação verifica-se com mais regularidade no interior do país. Nessas regiões, a maioria dos pacientes interrompem o tratamento farmacológico (9,3%), o que constitui o dobro da média nacional (5,70%).
Os dados foram obtidos através de inquéritos estruturados pelo CEFAR sobre o “Impacto da Indisponibilidade do Medicamento no Cidadão e no Sistema de Saúde” e que contaram com a participação dos utentes de 2,097 farmácias de Portugal.
Erica Quaresma