20 Ago, 2021

Algumas capacidades mentais podem melhorar com o envelhecimento, sugere estudo

A análise procurou medir a eficiência dos participantes em várias funções cerebrais através da realização de tarefas comportamentais.

Há capacidades mentais que podem melhorar com o envelhecimento e proteger o declínio do cérebro, sugere um estudo divulgado e publicado na revista Nature Human Behaviour que envolveu investigadores portugueses.

De acordo com a investigação internacional, em que participaram especialistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) e da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos da América (EUA), a capacidade de dar atenção a novas informações e de nos focarmos no que é importante em cada situação pode melhorar em indivíduos mais velhos e funcionar como um escudo protetor contra o declínio das capacidades do cérebro.

“Alguns desses indícios já existiam em literatura anterior” e foram agora detetados “num estudo maior e mais cuidadoso, relativamente grande, comparado aos anteriores”, em que participaram 702 pessoas, entre os 58 e os 98 anos, em Taiwan, revelou, à agência Lusa, o psicólogo e investigador no Centro de Linguística, João Veríssimo.

De acordo com a sua observação, enquanto os dados recolhidos indicaram que a capacidade de alerta diminuiu, a função de orientação, que nos permite dirigir o foco para determinada área, e a função de inibição executiva, a qual permite gerir a informação, receber informação contraditória e perceber o que é mais importante, para tomar decisões, melhoraram em pessoas mais velhas.

Assim, em duas das três funções examinadas, através da realização de tarefas comportamentais, com o objetivo de medir a eficiência dos participantes nessas funções cerebrais, “as pessoas mais velhas tiveram melhores resultados”, frisou o psicólogo.

João Veríssimo pormenorizou que enquanto na rede de orientação não se verificou uma quebra nas melhorias detetadas em função da idade e os participantes no estudo executaram as tarefas pedidas “de forma mais eficiente e um bocadinho mais rápida”, no caso da rede de inibição executiva foram observadas melhorias no desempenho até cerca dos 76 aos 78 anos, “a partir daí as melhorias começam a achatar e possivelmente até começamos a encontrar declínios”, referiu o investigador.

Embora se trate de “uma ilação” com base na observação feita, e que importa densificar com estudos complementares, os autores adiantam a possibilidade de que “a orientação e a inibição executiva são capacidades que podem melhorar à medida que são exercitadas, compensando-se os declínios neurológicos subjacentes”.

Conheça o estudo na íntegra aqui.

SO/LUSA

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