30 Nov, 2022

Hospital Amadora-Sintra disponível para medidas adicionais ao Plano de Contingência de Inverno

A notícia surge depois de os chefes e subchefes das equipas do Serviço de Urgência de Medicina terem apresentado, ontem, a demissão devido a condições "não toleráveis".

A administração do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) manifestou  disponibilidade para implementar medidas adicionais ao Plano de Contingência de Inverno.

Numa nota enviada à agência Lusa, o conselho de administração do Amadora-Sintra adianta que, após a apresentação da demissão das chefias de equipa dos Serviços de Urgência do hospital, “contactou de imediato” e reuniu-se com aqueles responsáveis, “mostrando-se disponível para encontrar e implementar medidas adicionais ao Plano de Contingência de Inverno, atualmente em vigor”.

Reconhecendo que “a maior procura do Serviço de Urgência ao longo das últimas semanas representa um desafio adicional para as equipas”, o conselho de administração do Hospital Fernando Fonseca salienta, contudo, que está em curso o alargamento dos horários de atendimento complementar nos cuidados de saúde primários dos concelhos de Amadora e de Sintra, “sendo expectável que contribua para diminuir a afluência ao Serviço de Urgência”.

Além disso, foi aumentado o espaço físico alocado ao Serviço de Urgência, “com reflexo na melhoria das condições de segurança e conforto para os utentes e profissionais, bem como a contratação de 83 camas no exterior”, é acrescentado.

Os chefes e subchefes das equipas do Serviço de Urgência de Medicina do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) apresentaram ontem a demissão, por considerarem estar em causa a qualidade assistencial e a segurança dos utentes. Numa carta dirigida à diretora clínica do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, com conhecimento da presidente do Conselho de Administração, os 44 médicos signatários afirmavam que o hospital “vive, uma vez mais, momentos de enorme dificuldade na nobre missão de prestar a melhor atividade assistencial à população que a ele recorre”.

“Depois de, com elevado esforço e sentido de dever, termos superado uma pandemia que exigiu a todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) o melhor dos seus profissionais, olhamos para o futuro com enorme preocupação e apreensão”, lê-se na carta divulgada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Na nota enviada à Lusa, a administração do hospital salienta ainda que “numa postura de abertura, proximidade e diálogo, manteve sempre o contacto com as direções dos serviços e chefias de Equipa do Serviço de Urgência” e adianta que ficou agendada nova reunião para a próxima semana para “debater eventuais propostas dos 15 signatários” da carta hoje enviada.

Relativamente à procura registada nas últimas semanas do Serviço de Urgência, o conselho de administração esclarece que entre 21 e 27 de novembro, a média de admissões nas urgências foi de cerca de 800 /dia, sendo que seis em cada 10 utentes são triados como “pouco urgentes ou não urgentes”.

No comunicado, a administração do hospital garante “a capacidade e disponibilidade dos seus profissionais na prestação de cuidados hospitalares agudos diferenciados, urgentes e emergentes”. “O conselho de administração enaltece o esforço e dedicação dos seus profissionais, bem como o compromisso e elevada responsabilidade que têm demonstrado e com os quais espera continuar a contar”, é ainda referido.

Na carta enviada, os chefes e subchefes das equipas do Serviço de Urgência de Medicina do Hospital Fernando Fonseca criticavam “as ausências de rumo e estratégia” no Amadora-Sintra, considerando que a “situação reflete-se no internamento e, por conseguinte no Serviço de Urgência, em condições de trabalho para profissionais, e de segurança para os doentes, não toleráveis”.

Os profissionais lamentavam que, “apesar das múltiplas propostas de restruturação submetidas ao longo dos últimos anos”, no sentido de promover reformas que possibilitem aos serviços melhorar a qualidade e eficiência da sua atividade assistencial, não tenha havido por parte dos órgãos dirigentes do hospital “abertura ou acolhimento para as mesmas, perpetuando deficiências há muito identificadas”.

“Em contraponto, somos confrontados com medidas avulsas, desprovidas de sentido ou debatidas em órgãos intermédios, cuja comunicação e implementação são geradoras de entropia e desmotivação junto dos diversos profissionais”, sublinhavam os médicos, que, por estas razões, apresentaram a demissão dos respetivos cargos de chefia.

O Hospital Fernando Fonseca é o hospital de referência para os cerca de 550.000 habitantes dos concelhos de Amadora e de Sintra, no distrito de Lisboa.

LUSA

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