Semana da Urologia. “O medo de ter uma micção involuntária a qualquer momento modula fortes constrangimentos”

No sentido de abordar a importância de desmistificar e aliviar o preconceito sobre a bexiga hiperativa, e perceber de que forma se pode evitar e tratar esta síndrome, o SaúdeOnline entrevistou o médico urologista Luís Abranches Monteiro.

De 24 a 30 de setembro, assinala-se a Semana Europeia da Urologia, que pretende alertar para doenças do foro urológico. Segundo os especialistas, as doenças urológicas são frequentes, podem causar desconforto, e existem ainda a possibilidade de poderem ser fatais (no caso das doenças oncológicas).

A incontinência urinária, muitas das vezes associada à bexiga hiperativa, é uma das condições mais comuns deste foro e tem “um enorme impacto na qualidade de vida dos doentes, influenciando a sua vida pessoal, profissional, social e afetiva”, afirmam os especialistas, sendo que, em Portugal, 1 em cada 5 portugueses acima dos 40 anos sofrem de incontinência urinária.

Entre os 45 e os 65 anos a proporção de casos de incontinência urinária é de 3 mulheres para cada homem. Sendo que a percentagem de cura da doença, com tratamento adequado é de 90 %. Na Europa, estima-se que cerca de 17% dos adultos acima dos 40 de idade possam sofrer desta síndrome, que afeta a qualidade de vida tanto de homens como mulheres.

 

Qual a prevalência da IU associada a bexiga hiperativa?

A prevalência da bexiga hiperativa, mundialmente, ronda os 16%. Nem todos os afetados têm consistentemente perdas urinárias involuntárias. Talvez nem metade. Embora todos têm o medo da perda urinária a qualquer momento o que os torna afetados pela incontinência.

 

Qual a causa da doença?

Não se trata de uma doença, mas sim de um conjunto de sintomas, que podem ter causa definida, complicação de diversas doenças ou, na maioria dos casos, sem causa aparente, chamada de bexiga hiperativa idiopática.

 

Afeta mais homens ou mulheres?

Se considerarmos as formas idiopáticas, estas são mas frequentes na mulher. Se incluirmos estes sintomas provocados pela obstrução prostática, aí serão os homens.

“Os tratamentos conservadores devem ser os preferidos inicialmente”

Qual o impacto desta doença na vida dos doentes?

O medo de ter uma micção involuntária a qualquer momento modula fortes constrangimentos familiares e profissionais. Contudo, alguns configuram casos mais graves de risco de quedas e fraturas provocadas pelas urgências miccionais particularmente durante a noite

 

Que tratamentos existem atualmente?

Os tratamentos conservadores devem ser os preferidos inicialmente. A fisioterapia e a reabilitação eventualmente apoiada em estimulações elétricas de determinadas zonas. Adicionalmente, os fármacos têm um impacto importante, sejam dados de forma oral ou mesmo instilados ou injetados na própria bexiga.

 

Estes doentes ainda chegam tarde às consultas por vergonha ou por considerarem que não há muito a fazer?

Recentemente verificamos que os tabus são já menores. O mediatismo recente tem tido o mérito de explicar que há muito a fazer e não faz sentido continuar com perdas urinárias.

 

CG

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