23 Nov, 2023

Importância da avaliação geriátrica em Oncologia

Durante a sessão de Oncologia Geriátrica, moderada pelos oncologistas Amanda Nobre de Carvalho, Olga Sousa e Vasco Fonseca, foi possível assistir a três apresentações sobre a importância da avaliação geriátrica para a definição e eficácia do tratamento oncológico de cada doente.

A primeira apresentação esteve a cargo de Marta Baptista Freitas, do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), que deu a conhecer o trabalho de investigação “Intensidade da quimioterapia em doentes idosas com cancro da mama – dados da vida real”.

De acordo com Marta Baptista Freitas, este trabalho teve como objetivo “avaliar que doentes com cancro de mama recebem uma menor intensidade de dose relativa de quimioterapia e identificar os fatores de risco associados”. Após fazer uma apresentação da amostra, método e resultados, a oradora concluiu que “apesar da pequena amostra do estudo”, é de salientar “a importância de uma avaliação cuidadosa e multidisciplinar antes do início da quimioterapia das doentes com cancro da mama mais idosas, dado serem as com maior risco de intensidade de dose relativa baixa”.

Após a discussão do primeiro estudo apresentado, foi a vez de Maria João Ramos, do Centro Hospitalar Universitário de Santo António, dar início à apresentação da investigação “Imunoterapia no doente idoso – experiência de um centro”, realizado com o objetivo de avaliar a eficácia da imunoterapia na população idosa com neoplasias metastizadas. A médica começou por fazer uma breve introdução, falando sobre a classificação, por parte da Organização Mundial de Saúde, de pessoas idosas: “mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e mais de 60 anos em países em desenvolvimento”; e falou depois sobre o método de estudo apresentado, a amostra e os resultados.

E concluiu: “O nosso estudo demonstra eficácia semelhante da imunohemoterapia no doente idoso, sugerindo que a imunidade anti-tumoral não está comprometida no doente idoso; que o uso da idade cronológica é insuficiente, sendo necessário a realização de estudos prospetivos com ênfase na avaliação geriátrica e não apenas na idade: e que é necessário implementar e otimizar o papel da Geriatria Oncológica, para diminuir a disparidade do tratamento entre os doentes oncológicos idosos e os mais jovens.”

Para terminar a sessão, Helena Hipólito Reis, do Serviço de Medicina Interna do CHUSJ, falou sobre a investigação “Avaliação geriátrica global nos doentes com cancro da mama: casuística da consulta de oncogeriatria”, feito com os seguintes objetivos: caracterização dos doentes seguidos na consulta de oncogeriatria (Centro da Mama do CHUSJ); implementação da Avaliação Geriatrica Global em idosos frágeis e com o diagnóstico recente de cancro da mama; e fundamentar, influenciar e adaptar as decisões terapêuticas”.

No final desta apresentação ficou marcada a ideia da importância da avaliação geriátrica global, como forma de definir melhor tratamento, isto é, individualizado, para cada doente. De acordo com a oradora, é preciso haver uma pré-habilitação no que respeita ao desenvolvimento/agravamento de fragilidade. É preciso não levar tão em conta o limite etário cronológico, mas sim as funcionalidades e a qualidade de vida do doente. Concluindo, Helena Hipólito Reis referiu: “É preciso haver uma mudança de paradigma no processo de decisão terapêutica do idoso com cancro.”

Os moderadores desta sessão “Oncologia Geriátrica”, mostraram-se muito satisfeitos com a “qualidade dos trabalhos”. Não apenas os apresentados, mas dos trabalhos submetidos.

 

Sílvia Malheiro

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