22 Set, 2023

Greve regional de médicos excedeu “as melhores expectativas”

Convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), a greve regional que durou dois dias (20 e 21 de setembro) chegou ao fim. De acordo com o SIM, a adesão excedeu "mesmo as melhores expectativas".

Em comunicado divulgado, o SIM destaca que se registou uma adesão de 95% nos blocos operatórios, de 90% nos centros de saúde e de 85% nas consultas externas dos hospitais.

“Aos médicos que, sindicalizados ou não, de modo coerente com a sua revolta o demonstraram no terreno, o nosso reconhecimento”, escreveu o sindicato, notando que em unidades como a USF São Bento, a USF Porto Centro, Lordelo do Ouro e a USF São Torcato todos os médicos fizeram greve.

Apesar da forte adesão à greve, o SIM reforça que se registou “um elevado sentido deontológico e comportamento irrepreensível”, uma vez que todos os serviços mínimos foram assegurados.

O sindicato afirma que o Governo demonstra “sob a roupagem da auscultação, diálogo e negociação (…) um notório desrespeito pelos médicos” com as propostas apresentadas. “Rever uma grelha salarial é remunerar melhor sem aumentar a carga de trabalho nem tentar abolir mais-valias laborais que os trabalhadores médicos obtiveram pela negociação coletiva e acordos coletivos de trabalho livremente assinados, curiosamente com um Governo do Partido Socialista”, pode ler-se em comunicado.

O SIM refere que o Governo está a “propor um aumento médio transversal a todas as áreas de exercício profissional de 3,1 % com uma inflação de 7,8% em 2022 a que se soma a perda de poder de compra de 20% nos 10 anos anteriores, com uma grelha salarial que data em parte de 1999 e congelada em 2005, paradoxalmente revista em 2012 nos tempos da troika, respaldados com um aumento de 11 mil milhões de euros em receitas fiscais em 2022”.

De acordo com o sindicato, o novo regime de trabalho de dedicação plena, condição para um aumento salarial, faz com que os médicos “aceitem prescindir dos atuais direitos que possuem, de proteção da qualidade e da segurança, para si e, para os doentes”, considerando ser este “um caminho perigoso e que não pode ter a aquiescência sindical”.

“É sabido que as negociações que se arrastaram durante 17 meses não levaram a um acordo com os sindicatos médicos, apesar de a persistência sindical ter obstado a alterações extremamente gravosas a nível da Medicina Geral e Familiar e ter trazido para a mesa negocial as razões dos médicos de saúde pública. Mesmo com cedências do SIM faseadas no tempo relativamente por exemplo aos limites de trabalho suplementar dos Médicos Hospitalares, o regime de dedicação plena é imposto pelo Governo por decreto-lei”, nota o SIM.

Assim, o sindicato indica que o regime será de “decisão individual”, uma vez que “com ela o governo vai cobrar diretamente a cada médico as perdas de direitos que sempre declarámos serem inegociáveis, não tendo, pois, o acordo do Sindicato Independente dos Médicos”.

Os médicos referem ainda que vão manter as greves em curso.

CG

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