20 Set, 2023

Médicos do Norte iniciam greve para exigir revisão transversal da grelha salarial

De acordo com o SIM, os médicos estarão paralisados desde a meia-noite de quarta-feira até às 24:00 de quinta-feira. Esta greve de 48 horas é a segunda no espaço de menos de um mês.

Os médicos da Administração Regional de Saúde Norte iniciaram hoje uma greve de dois dias convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) para exigir ao Governo a revisão transversal da grelha salarial de um grupo de profissionais “sempre penalizado”.

“A principal reivindicação dos médicos que teima em não ser atendida é simples: que o Governo reveja a grelha salarial dos médicos de forma transversal e abrangendo todos. Somos uma classe profissional essencial, mas sempre penalizada”, disse o secretário regional do SIM Norte, Hugo Cadavez.

No que diz respeito à adesão à greve dos médicos da Administração Regional de Saúde, o presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha, indica que está a ser “muito forte” com blocos operatórios encerrados e centros de saúde praticamente parados. “Tal como nós tínhamos expectativa, depois de um ano em que durante o processo negocial não convocámos greves e até nem fomos compreendidos por parte de alguns colegas, esta greve está a ter uma forte adesão”, disse Jorge Roque da Cunha.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do SIM avançou que nos centros de saúde a adesão a uma greve que teve inicio às 00:00 de hoje está “muito próxima dos 95%” e que há blocos operatórios encerrados em vários hospitais. “[A adesão] nos blocos operatórios ronda os 90%, e nas consultas externas hospitalares, cerca de 85%. Em hospitais como Braga, Gaia/Espinho, Santo António [no Porto] a totalidade dos blocos operatórios está encerrada, mas naturalmente que os serviços mínimos de urgência, as hemodialises e tratamentos oncológicos estão totalmente garantidos”, descreveu.

Jorge Roque da Cunha considerou que este “é um sinal claro de que as reivindicações do sindicato são compreendidas pelos médicos que têm grande descontentamento em relação à perda de poder de compra dos últimos 10 anos”.

Em declarações à agência Lusa, Hugo Cadavez, disse que o SIM “não teve opção senão manter a greve” dada a “resistência do Governo em atender reivindicações básicas e justas”.

“Estamos a falar de uma perda do poder de compra de cerca de 20% nos últimos 10 anos por parte dos médicos. Estamos a falar de os médicos serem o único grupo da função pública, para além dos investigadores, que viu o ganho mensal diminuir. Estamos a falar de uma comparação com os restantes países da OCDE onde o ganho médio mensal dos médicos aumentou e em Portugal não, alias é o país onde a remuneração mais diminuiu”, resumiu.

A paralisação, segundo o SIM, terá impacto no Centro Hospitalar Universitário de Santo António, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Hospital da Senhora da Oliveira – Guimarães, Hospital de Braga, Hospital Santa Maria Maior – Barcelos, Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, Centro de Medicina Desportiva do Porto e Departamento de Saúde Pública da ARS Norte.

Também estão abrangidos por esta greve agrupamentos de centros de saúde: ACES Alto Ave – Guimarães, Vizela e Terras de Basto, ACES Ave / Famalicão, ACES Cávado I – Braga, ACES Cávado II – Gerês / Cabreira, ACES Cávado III – Barcelos / Esposende, ACES Entre Douro e Vouga I – Feira e Arouca, ACES Entre Douro e Vouga II – Aveiro Norte, ACES Grande Porto II – Gondomar, ACES Grande Porto V – Porto Ocidental, ACES Grande Porto VII – Gaia e ACES Grande Porto VIII – Espinho / Gaia.

No site do SIM lê-se que “a presente luta dos trabalhadores médicos visa fazer com que o Governo dê uma resposta efetiva ao caderno reivindicativo sindical, visa também o urgente encerramento da atividade da mesa negocial constituída entre o Governo e o SIM”.

O sindicato exige que “os ministros das Finanças e da Saúde [apresentem] uma proposta de grelha salarial que reponha a carreira das perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década e que posicione com honra e justiça toda a classe médica, incluindo os médicos internos, na tabela remuneratória única da função pública”.

LUSA

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