20 Set, 2022

Capacidade de resposta dos hospitais pode ficar em risco sem reforço de verbas

Gastos dos hospitais com materiais, energia e combustíveis dispararam. Por isso, os administradores hospitalares pedem um "aumento considerável no financiamento" no próximo ano.

Tal como os restantes gestores, que, por causa da inflação, enfrentam grandes subidas dos custos com energia ou materiais, também os administradores hospitalares se veem a braços com o mesmo problema. Pedem, por isso, um reforço significativo no orçamento da Saúde no próximo ano, sob pena de ser posta em causa a capacidade de resposta dos hospitais portugueses.

Sem um aumento considerável no financiamento do OE, vamos ter grandes problemas“, alerta Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), em declarações ao Dinheiro Vivo.

Os custos totais dos hospitais estão a subir cerca de 7%, em linha com a inflação acumulada ao longo do ano, mas há despesas que disparam para quase o dobro. Por exemplo, os equipamentos registam um aumento de 60% (com as entregas afetadas por dificuldades logísticas – o que tem, de resto, criado problemas em hospitais um pouco por todo o país, no que diz respeito à substituição de equipamentos); os custos com eletricidade e combustíveis estão a subir entre 50% e 70; o preço da tonelada de algodão disparou quase 300%.

Com pouca capacidade de manobra orçamental, limitadas às dotações definidas com a aprovação do último orçamento de estado, as unidades hospitalares enfrentam a subida generalizada de preços em todas as rubricas de despesa. E a situação só tende a piorar.

Por isso, o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, deixa um aviso semelhante ao de Xavier Barreto: “Se o governo não previr um reforço significativo na dotação para os hospitais no próximo ano, será muito difícil continuar a dar resposta”. E se muitos hospitais já apresentavam prejuízos de forma crónica, mesmo antes da pandemia e da guerra na Ucrânia, entre 2022 e 2023 esse cenário poderá generalizar-se a todas as unidades do SNS.

Também muitos hospitais europeus passam pelas mesmas dificuldades nesta altura. Na Alemanha, os responsáveis pelas unidades hospitalares lançaram mesmo um alerta público, sublinhado a falta de pessoal e os efeitos que as dificuldades orçamentais já estão a ter na prestação de cuidados aos doentes.

SO

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