27 Ago, 2020

Cancro do Cólon: apenas um terço dos convocados faz rastreio. Adesão está a cair

Adesão tem vindo a cair nos últimos anos. Especialistas avisam que paragem dos rastreios por causa da pandemia vai ter reflexos na mortalidade dentro de três anos.

Apenas um terço das 400 mil pessoas convocadas, em 2019, para realizarem o rastreio do cancro do cólon e reto o fizeram, avança o jornal Público. Isto apesar de este tipo de cancro ser, atualmente, o segundo mais mortal em Portugal, só atrás do cancro do pulmão. A adesão ao rastreio tem diminuído nos últimos anos, segundo o último relatório sobre o Acesso a cuidados de saúde nos estabelecimentos do SNS e entidades convencionadas.

Numa primeira fase, o rastreio de base populacional envolve uma pesquisa de sangue oculto nas fezes a todos os utentes registados nos centros de saúde com mais de 50 anos. Depois, e só quando o resultado é positivo, o doente faz uma colonoscopia, um exame que permite retirar pólipos e que é muito mais confiável do que a pesquisa de sangue nas fezes (que gera uma percentagem elevada de falsos negativos e positivos).

Para o presidente da associação de doentes Europacolon, o problema está na falta de acompanhamento no processo. Os doentes recebem um “kit” por correio, tendo de recolher as fezes e enviar para análise. Com uma taxa de rastreio tão baixa mesmo antes da pandemia, Vítor Neves diz-se preocupado com a paragem dos rastreios que ocorreu a partir de março e garante que os “reflexos na mortalidade vão sentir-se dentro de três anos”.

“Isto significa que a atual estratégia de enviar para casa pelo correio testes para as pessoas fazerem sem terem acesso ao médico, à informação, ao poder de convencimento do médico não será uma estratégia 100% eficaz”, sublinha Rui Tato Marinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, em declarações à TSF. Contudo, como refere o especialista do Hospital de Santa Maria, muitos médicos já prescrevem colonoscopias aos utentes mal estes completam 50 anos.

Com uma tendência contrária, o rastreio do cancro da mama tem vindo a aumentar. Ainda assim, 33% das mulheres convocadas não fez mamografia. A taxa de não-adesão aos cheques-dentista é muito idêntica.

TC/SO

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