IC em tempos de Covid-19: Doentes enfrentaram “algumas dificuldades”

Em entrevista ao SaúdeOnline, a médica cardiologista refere o impacto que a pandemia da Covid-19 teve no tratamento e acompanhamento dos doentes com Insuficiência Cardíaca, referindo ainda certos cuidados que estes devem ter agora, durante o período de desconfinamento.

Qual é a prevalência da insuficiência cardíaca em Portugal?

A prevalência de IC crónica, baseia-se no estudo EPICA (1998-2000) em que a prevalência global foi estimada em 4,36%, variando entre 1,36% na faixa etária dos 25-49 anos e 16,14% nos indivíduos com mais de 80 anos (Candida Fonseca et al). De acordo com os dados de prevalência por faixa etária do EPICA e o envelhecimento da população portuguesa nos últimos anos, calcula-se que existam actualmente cerca de 380 mil doentes com IC em Portugal. Tornando-se essencial ter números actualizados, o Grupo de Estudos de Insuficiência Cardíaca da SPC e o Núcleo de Estudo de Insuficiência Cardíaca da SPMI estão em conjunto a trabalhar num Registo Português de IC, que irá englobar os doentes internados nos Serviços de Cardiologia e nos de Medicina Interna, que adiram a esta.

De que forma é que os doentes com IC têm vindo a ser acompanhados durante o período de pandemia?

Os doentes que eram seguidos em Unidades de Insuficiência Cardíaca, com Consultas/Hospital de dia, continuaram a ter o acesso via telefónica habitual para qualquer dúvida e aconselhamento. Em substituição das Consultas presenciais foram contactados via telefónica por Médicos e Enfermeiros, nalguns casos e de acordo com as disponibilidades da parte dos doentes, por telemedicina. Nalguns hospitais foi possível manter os Hospitais de dia em funcionamento, para os doentes que necessitaram de terapêutica endovenosa de fármacos. Os exames marcados electivamente, foram desmarcados, sendo apenas realizados os urgentes.

Quais as maiores dificuldades que estes doentes enfrentaram durante este período?

Os doentes não seguidos em Unidades de Insuficiência Cardíaca e que não tinham habitualmente um contacto directo via telefónica, tiveram algumas dificuldades no acesso directo para esclarecer dúvidas e aconselhamento. Apesar da informação divulgada pelos meios de comunicação social, os doentes continuaram a ter algumas dúvidas. A AADIC tentou minimizar esse problema junto dos seus sócios pedindo-lhes que nos enviassem as perguntas as suas dúvidas. Fizemos três monofolhas com perguntas e respostas sobre a Insuficiência Cardíaca e COVID-19. Também utilizando o Facebook, o Site da AADIC e a organização de um Webinar “Workshop virtual sobre a Insuficiência Cardíaca em tempos de Covid-19”, tentámos informar e esclarecer os doentes sobre este.

Que cuidados acrescentados devem agora ter os doentes com IC, uma vez que estamos em fase de desconfinamento?

Os doentes com IC, incluídos no grupo de risco para maiores complicações no caso de infeção com COVID-19 e apesar de estarmos em fase de desconfiadamente (mas ainda estamos em Estado de Calamidade até 28 junho), devem manter alguns cuidados como:

  • Evitar locais públicos;
  • Utilização de máscara comunitária, principalmente se em contacto com várias pessoas. Não esquecer a lavagem de mãos, antes de a colocarem e depois de a retirarem;
  • Manter a distância física aconselhada (2 metros);
  • Lavagem de mãos com sabão durante 20 segundos, sempre que entrem em casa e sempre antes de comer. No caso de impossibilidade da lavagem de mãos pode ser utilizado o Álcool gel, desde que tenha uma percentagem de álcool de no mínimo 60% e durante 20-30 segundos;
  • Evitar tocar na boca, nariz e olhos com as mãos, antes de uma lavagem correcta.

E os seus cuidadores, que cuidados devem ter?

Sempre que estiverem em contacto com os doentes IC, e principalmente quando regressarem a casa, devem mudar de roupa e lavar as mãos como recomendado. Se tiverem algum sintoma sugestivo de infeção ou tenham estado em contacto com algum doente infectado com o COVID-19, não devem cuidar de doentes.

AR/SO

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