12 Mar, 2020

Banco de sangue do São João em risco de rutura. Hospital apela à dádiva

O Banco de Sangue está a registar uma "diminuição significativa" de dadores e pode deixar de ser autossuficiente em sete a 10 dias.

Em declarações à agência Lusa, sem poder garantir que esta diminuição terá a ver com o surto Covid-19, a diretora do serviço de imuno-hemoterapia, Maria do Carmo Koch, admitiu que “há um medo que não é exclusivo de Portugal”, sendo “algo que se verifica em outros países e em todo o mundo” e que se tem traduzido numa “diminuição de afluência”.

“A média rondava as 50 dádivas de sangue [por dia] e ontem [terça-feira] tivemos 17. Essa diferença acentuou-se mais a partir da última semana”, indicou a responsável de um serviço que é autossuficiente desde 2011/2012, mas que, se este ritmo de dádivas se mantiver, pode deixar de ser “em sete a 10 dias”.

Temos as reservas de sangue, mas essas reservas precisam de ser substituídas porque todos os dias temos doentes que precisam de sangue. Se as reservas não forem substituídas poderemos ter rutura. Teremos de contactar o IPST [Instituto Português do Sangue e Transplantação] e, numa última análise e hipótese, poderá ocorrer o cancelamento de cirurgias programadas”, descreveu Maria do Carmo Koch.

O Banco de Sangue do CHUSJ mudou-se para instalações renovadas no final do ano passado, tendo agora acesso autónomo face ao edifício principal e jardins do hospital, através da Rua Roberto Frias, bem como zona de estacionamento reservada a dadores.

O serviço está aberto de segunda-feira a sexta-feira das 08:30 às 19:15, aos sábados das 09:00 às 12:30 e das 14:30 às 19:15 e domingos das 09:00 às 12:30.

A diretora do serviço de imuno-hemoterapia descreveu à Lusa que “os bancos de sangue de todo o mundo estão a apelar à dádiva porque é nestas fases críticas que mais os doentes precisam”.

“O sangue é um bem essencial, é um bem que salva vidas, não se produz artificialmente e os doentes ficam completamente dependentes do sangue que é doado”, frisou.

Sobre restrições relacionadas com o surto de Covid-19, o qual regista na região Norte o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve (três cada), Maria do Carmo Koch apontou algumas recomendações, mas salientou a importância da dádiva de sangue.

“As pessoas devem adiar as suas dádivas por 28 dias se vierem de países onde existe transmissão ativa ou se tiveram contactos com pessoas suspeitas ou confirmadas. Mas é muito importante que os dadores continuem a doar. É muito importante”, sublinhou.

SO/LUSA

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