Sociedade Portuguesa de Medicina Interna está solidária com internos que assinaram carta à Ministra
O serviço de urgência “não pode ser tão avassalador que impeça a formação em outras áreas essenciais”, afirma Lèlita Santos, presidente da Sociedade.
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) manifestou-se solidária com os mais de 400 médicos internos que comunicaram, numa carta aberta à ministra da Saúde, a indisponibilidade para realizar mais de 150 horas extraordinárias.
Na sexta-feira foi entregue no Ministério da Saúde uma carta assinada por 416 dos 1.061 internos da especialidade de Medicina Interna de todo o pais, que exigem melhores condições de trabalho e formativas e recusam a realização de mais de 150 horas extraordinárias por ano.
Em reação ao texto, a SPMI afirmou, em comunicado, apoiar a posição daqueles médicos, considerando que as preocupações dos internos devem merecer a atenção da tutela.
“A atividade na urgência é fundamental para a formação do interno de formação específica e deveria ser obrigatória nos dois primeiros anos para todas as especialidades médicas e cirúrgicas”, começa por referir a presidente da sociedade.
De acordo com a SPMI, os internos de Medicina Interna são os únicos a fazer urgência durante os cinco anos da sua especialidade e, por isso, nas equipas médicas da maioria dos hospitais são também os únicos internos que preenchem as escalas, “muitas vezes abaixo do número mínimo admissível”.
“A Medicina Interna é uma especialidade com múltiplas outras competências nas suas diferentes valências que têm de ser desenvolvidas pelos futuros internistas”, refere a SPMI.
Por outro lado, a SPMI refere que a formação dos internos é igualmente prejudicada com a saída de muitos especialistas de Medicina Interna do Serviço Nacional de Saúde, que fragiliza ainda as equipas de urgência.
Na carta dirigida ao Ministério da Saúde, os internos informaram também que iriam entregar minutas de escusa de responsabilidade sempre que estiverem destacados para trabalho em urgência e as escalas deste serviço não estiverem de acordo com o regulamentado.
Tendo em conta as exigências laborais, os médicos consideram que a formação dos internos “se encontra comprometida”, uma vez que estão constantemente a assegurar as escalas de urgência, “desdobrando-se em turnos que deveriam ser garantidos por especialistas, em claro incumprimento dos critérios de idoneidade formativa de Medicina Interna.
Em consequência, dizem que “pouco tempo sobra” para cumprir “os números mínimos” exigidos nos currículos relativamente ao número de consultas, treino das inúmeras técnicas exigidas à especialidade, tempo para atividade como publicação de artigos e trabalho de investigação.
Os médicos exigem melhores condições formativas e de trabalho, uma remuneração que reflita a sua diferenciação, o cumprimento dos tetos máximos de horas extraordinárias e o cumprimento dos mínimos assistenciais nas equipas de urgência.
LUSA
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