12 Ago, 2020

Separação materna no início de vida aumenta probabilidade de uso de drogas

O estudo foi realizado na Universidade do Porto com duas estirpes de rato (depressiva e não depressiva). As duas demonstraram risco aumentado para a dependência na adolescência.

A separação materna nas primeiras semanas de vida aumenta a probabilidade do uso de drogas psicoativas na adolescência. A conclusão é de um estudo desenvolvido pelo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto.

O objetivo principal do estudo era analisar o impacto da separação materna nas duas primeiras semanas de vida de ratos, embora houvesse um objetivo mais geral – saber que variáveis aumentam a vulnerabilidade ao uso de drogas na adolescência.

Assim, os investigadores do i3S tentaram perceber, por saberem que “a depressão está muito relacionada com problemas de tomada de drogas”, se “a depressão genética (pais depressivos) afetava a vulnerabilidade às drogas”, como explicou a Ana Magalhães, investigadora no grupo Addiction Biology e coordenadora do estudo, à Lusa.

“E aumentámos mais um risco”, acrescentou, afirmando que é então a variável do stress precoce causado pela separação maternal.

Inicialmente, os investigadores acreditavam que seria a depressão dos progenitores a contribuir para um risco acrescido de uso de psicoativos nos filhos aquando da adolescência. Contudo, a coordenadora revelou que a depressão não produziu o efeito expectável, tendo sido “o stress [em idade] precoce, que teve efeitos tanto em indivíduos depressivos como nos indivíduos não depressivos”, o fator que se mostrou relevante para o aumento da “vulnerabilidade às drogas na adolescência”.

Os dados do estudo “Stress em idade precoce afeta vulnerabilidade às drogas na adolescência” foram observados a partir da análise de duas estirpes de ratos, que foram separados das mães durante as primeiras semanas de vida, com diferentes vulnerabilidades para a depressão – um grupo cujas mães tinham maior predisposição para a ansiedade e depressão e outro cujas mães não tinham esse histórico.

Atingida a adolescência, os investigadores compararam os efeitos da separação precoce em ratos adolescentes em cada grupo, avaliando o estado emocional e o efeito da recompensa de drogas psicoativas.

“Os resultados mostraram que o stress durante o início de vida alterou o estado emocional dos adolescentes, tornando os animais depressivos mais ansiosos e os não depressivos mais exploratórios, tendo revelado, para ambas as estirpes (depressiva e não depressiva), um risco aumentado para a dependência” acrescentou Renata Alves, outra das investigadoras do estudo.

LUSA/SO

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