28 Set, 2023

Relatório revela menos mortes por pneumonia e manutenção das mortes por cancro do pulmão até 2022

Os resultados do 16.º Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), responsável por analisar o panorama da saúde respiratória a nível nacional, entre 2018 e 2022, foram divulgados hoje. Concluiu-se que em 2021 o número de mortes por doenças respiratórias diminuiu face a 2020, registando-se o óbito de 10.255 pessoas, menos 988 do que no ano anterior.

De acordo com os dados fornecidos pela Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS), é notória uma diminuição das mortes por pneumonia bacteriana e a manutenção das mortes por cancro do pulmão. Esta edição do relatório, desenvolvido por especialistas da área da saúde respiratória a nível nacional, evidencia que as doenças respiratórias ainda são uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em Portugal, apesar de se ter registado um decréscimo gradual a partir de 2019.

“Em 2021, apenas 8,2% das mortes registadas tiveram origem numa doença respiratória. Esta descida pode estar relacionada com a pandemia de covid-19 e com a mudança de hábitos individuais e de grupo que acarretou, nomeadamente o uso obrigatório de máscara e o confinamento”, esclareceu José Alves, pneumologista e presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP).

No que diz respeito à covid-19, e sendo que os anos em estudo no relatório coincidem com os anos de pandemia, é notório que em 2021 registaram-se mais 5845 mortes provocadas por esta doença do que em 2020, ano em que o vírus SARS-COV2 chegou a Portugal.

Registou-se ainda uma diminuição das mortes por doenças raras (13,2%) e crónicas (10,1%), bem como as pneumonias (36,7%), acontecimentos que os especialistas acreditam advirem de “diagnósticos mais assertivos e de tratamentos mais eficazes”, pode ler-se em comunicado.

Porém, apesar da diminuição das mortes por estas doenças, em 2022 a pneumonia bacteriana fez com que 24.279 portugueses fossem internados, sendo que destes, 5.178 acabaram por morrer. Por este motivo, José Alves acredita que “é necessário dar continuidade à implementação de medidas preventivas, nomeadamente no que diz respeito à vacinação nos grupos de maior risco”.

Já as pneumonias virais mantiveram-se estáveis até 2021, mas em 2022 o relatório evidencia um acréscimo de 413 internamentos, totalizando 916. Também as mortes aumentaram de 26 (2021) para 59 (2022).

Entre as maiores causas de internamento em 2022, responsáveis por 73% das hospitalizações com ventilação (mais dispendiosas, longas e com maior mortalidade), estão a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e as pneumonias, tal como já foi mencionado.

No que concerne às mortes os especialistas demonstram preocupação com a “subida constante” de óbitos provocados por pneumoconioses. Esta é uma tendência a FPP admite ser “necessário estudar para serem apontadas possíveis causas para este aumento”.

Outras doenças como alveolite, fibrose pulmonar, asma brônquica, gripe, entre outras, também foram analisadas, tendo-se concluído que as duas primeiras “números crescentes” no que diz respeito a internamentos e mortes entre 2018 e 2022.

CG

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