Parecer da Ordem dos Médicos para curso de Medicina na Fernando Pessoa foi negativo
Miguel Guimarães rejeita as críticas de que a instituição seja “uma força de bloqueio” no que se refere à autorização de novos cursos e diz que este parecer negativo se deve a questões de qualidade formativa.
O bastonário da Ordem dos Médicos disse que o parecer da Ordem relativamente ao curso de Medicina da Universidade Fernando Pessoa foi negativo e que era preferível mais um curso de Medicina em Trás-os-Montes do que este no Porto.
Ontem, em declarações aos jornalistas à margem da sessão comemorativa dos 30 anos do Infarmed, Miguel Guimarães apelou ainda à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), que segundo o jornal Público autorizou o curso, que divulgue todos os pareceres em obtidos pelas diversas entidades. “Os pareceres que foram dados devem ser públicos. Não podemos estar a ocultar pareceres da comunicação social para que possam saber e interrogar devidamente”, apelou, sublinhando que o parecer da Ordem dos Médicos “foi negativo por vários motivos”.
Sobre os pontos fortes e fracos do curso de Medicina da Universidade Fernando Pessoa (Porto), disse que o parecer emitido tem tudo no que se refere ao corpo docente, assim como ao hospital de referência (o chamado hospital escola-mãe), que – sublinhou – “não tem tanta variedade de patologias como isso”. “A nossa preocupação é diferente da do Ministério da Saúde (…) e tem que ver sempre com qualidade. Quando avaliamos não queremos casos de bebés sem rosto em Portugal, ou casos que possam suscitar dúvidas a quem nos está em casa a ouvir”, acrescentou.
E insistiu: “Queremos ter médicos bem formados, que cumpram as regras, que tenham princípios éticos, deontológicos e humanistas naquilo que é o seu exercício”. “A Ordem dos Médicos faz o trabalho que tem de fazer”.
Lembrou ainda que a Ordem dos Médicos faz pareceres, que não são vinculativos, a pedido da A3ES e sublinhou que esta agência de acreditação do ensino superior ”tem de assumir responsabilidade do que faz, tanto no que é a qualidade do que está a oferecer, como na divulgação dos pareceres” das várias entidades.
Já quanto ao facto de o curso de Medicina da Fernando Pessoa ser privado, Miguel Guimarães afirmou: “Como bastonário da Ordem dos Médicos, prefiro cursos de Medicina públicos, porque são de acesso a todos os portugueses, sem a limitação de pagar 25, 30, 40 ou 50 mil euros por ano para estar a fazer o curso”.
O bastonário sublinhou ainda o facto de já existir curso de Medicina no Porto e defendeu: “É melhor, por exemplo, um curso de Medicina em Vila Real, do que mais um no Porto, até por questões estratégicas. Na zona toda de Trás os Montes não temos nenhum. É melhor um curso de Medicina na zona de Trás os Montes, do que mais um onde já existem dois”, disse.
Sobre a autorização do curso da Universidade Fernando Pessoa, o ministro da Saúde disse não ver qualquer razão para os cursos de Medicina serem vetados às universidades privadas, sublinhado que também veria “com bons olhos” o aparecimento de mais cursos públicos.
LUSA
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