Os desafios do século XXI para os Técnicos Auxiliares de Saúde
Presidente da Direção da APTAS- Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde

Os desafios do século XXI para os Técnicos Auxiliares de Saúde

Decorridos 23 anos do início do século XXI, podemos afirmar que muita coisa mudou no panorama Português, além das crises governativas, e financeiras, vivemos durante 2 anos com uma pandemia que veio abanar com a sociedade Portuguesa, na realidade abanou com todas as sociedades a nível mundial.

A estes acontecimentos, podemos ainda juntar um envelhecimento demográfico bastante acelerado, envelhecimento este que já começou há umas largas décadas, ainda durante o século XX, fruto de ganhos civilizacionais, onde o acesso aos bens de maior necessidade, como água potável, eletricidade, rede de esgotos e o bem maior, o acesso a cuidados de saúde para todos, com a criação do Serviço Nacional de Saúde, bem como o avanço dos conhecimentos ao nível da medicina, vem transformando a nossa sociedade, cada vez mais envelhecida, em que os desafios para quem tem responsabilidades ao nível governativo são ou deveriam estar em primeiro plano da agenda política.

Este envelhecimento da população, não sendo visto de forma pejorativa, pois é espectável que todos nós queiramos viver o maior tempo de vida possível, que, segundo dados do “INE” os homens terão uma esperança de vida média que ronda quase os 80 anos, as mulheres quase os 85, certo é que, nem sempre chegaremos a estas idades avançadas nas melhores condições, quer sejam físicas como mentais; iremos viver mais tempo, mas uma boa parte desse tempo a precisar de cuidados, em média viveremos 10 a 15 anos sendo cuidados por outros.

Na realidade, a constatação deste facto já se faz sentir e tem criado uma pressão imensa sobre o “SNS”, cada vez mais os internamentos de longa duração são de pessoas mais idosas, que de uma forma geral traz outros desafios para os profissionais de saúde, onde se insere os Técnicos Auxiliares de Saúde, que a par com o setor social, são os profissionais que têm e terão a seu cargo o bem estar físico, e direi também emocional, dos que recorrem a estas instituições.

A estes profissionais, que têm a responsabilidade de lidar com todo o género de população, em especial esta mais idosa, onde o seu tempo profissional deve estar focado e vocacionado para um cuidado de excelência, com a humanização como pedra basilar desse mesmo cuidar, é de extrema importância que as entidades competentes criem condições em todas as vertentes, para que os mesmos possam oferecer e promover o bem-estar possível aos que mais necessitam.

Aos profissionais enquadrados nesta futura profissão pede-se, exige-se conhecimentos a todos os níveis enquadrados na profissão, as retóricas do antigamente, do tempo já passado a fazer isto ou aquilo e que se trabalha há imenso tempo na área, não serve e nem servirá de almofada para quem quiser ingressar na profissão.

Em todas as profissões, a formação é uma constante, a saúde não foge à regra, novas dinâmicas de cuidados surgem, a população adulta de hoje será o  idoso do amanhã, os conhecimentos dos mesmos são diferentes, a sua literacia em saúde é já mais apurada, por isso mais conhecedora dos seus direitos e claro deveres, caberá aos profissionais de saúde se apetrecharem com conhecimentos e formas de lidar com todos, por isso é que a formação é de extrema importância.

Só com processos formativos bem direcionais e enquadrados com as competências de um “TAS” é que poderemos ter profissionais conhecedores e motivados para os novos desafios que se avizinham, tendo em conta as mudanças climatéricas que se vêm operando no mundo, pandemias como as da covid serão mais recorrentes.

Desse modo, é necessário que os futuros “TAS” sintam o dever e a responsabilidade de estarem sempre atualizados, para poderem prestar um serviço de qualidade, sendo também um agente proativo da literacia em saúde, promover com o seu exemplo, quer ao nível familiar como na comunidade onde está inserido, formas de promover o viver bem, viver em saúde, sem nunca esquecer que estão a lidar com seres humanos.

A saúde é o bem mais precioso que o ser humano tem, contudo, a mesma pode ser arruinada com simples gestos ou até mesmo palavras.

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