Ordem dos Médicos pede resolução da “situação crítica” no Hospital das Forças Armadas
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu ser "essencial para o país" um "serviço de saúde militar robusto", enaltecendo o papel dos militares no combate à pandemia da covid-19.
A Ordem dos Médicos (OM) pediu ao Governo que reúna “todas as condições” para a resolução “com urgência” da “situação crítica e recorrente” no Hospital das Forças Armadas, onde faltam profissionais de saúde. Numa nota de imprensa, a OM refere, secundando declarações do ex-diretor do antigo Hospital Militar de Belém Esmeraldo Alfarroba, que “a falta de médicos e profissionais de saúde” no Hospital das Forças Armadas – que tem polos em Lisboa e Porto – é uma “situação recorrente”, sendo que “o quadro orgânico de pessoal nunca foi preenchido completamente”, com o défice de profissionais – militares e civis – a atingir os 39%.
Neste contexto, a OM apela ao Governo para que “dê todas as condições ao Ministério da Defesa Nacional para que, em conjunto com o Estado-Maior-General das Forças Armadas e a direção do Hospital das Forças Armadas, resolva com urgência esta situação crítica” que “fragiliza a capacidade de resposta dos serviços de saúde militares”.
Na quinta-feira, o Ministério da Defesa Nacional assegurou que estava a “envidar todos os esforços” para resolver o défice de recursos humanos no Hospital das Forças Armadas, que precisa de contratar mais de 200 profissionais. Segundo informações avançadas nesse dia pelos jornais Diário de Notícias e Correio da Manhã, o hospital pode incorrer numa situação crítica “se não for autorizada a contratação de prestação de serviços na modalidade de avença”, para o próximo ano, de 222 profissionais “que representam cerca de 15% do universo de 1.400 trabalhadores”.
Caso a contratação dos profissionais não seja autorizada, o hospital poderá a partir de janeiro diminuir as camas de internamento, reduzir os cuidados intensivos e as consultas de especialidade, cancelar cirurgias programadas ou encerrar a urgência. Antecipando estes possíveis efeitos, o Hospital das Forças Armadas vai a partir de hoje e quinta-feira, conforme os casos, reduzir o horário de funcionamento da urgência no polo de Lisboa e encerrar este serviço no Porto e cortar para metade as cirurgias programadas, entre outras medidas.
À Lusa, na quinta-feira, o Ministério da Defesa Nacional indicou que “os contratos relativos aos processos do pessoal médico e de enfermagem foram já autorizados“, acrescentando estar “a envidar todos os esforços junto das outras áreas governativas competentes, em articulação com a direção do Hospital das Forças Armadas e o Estado-Maior-General das Forças Armadas, com vista à autorização dos restantes processos”.
Segundo a Ordem dos Médicos, a contratação anual não atempada de prestação de serviços na modalidade de avença “faz com que os médicos e profissionais de saúde que completam as equipas acabem por tomar outras opções, com prejuízo para a saúde militar”.
Na quinta-feira, reagindo às notícias, o ex-diretor do antigo Hospital Militar de Belém Esmeraldo Alfarroba disse que a falta de pessoal no Hospital das Forças Armadas “não é nova” e pediu a intervenção do Presidente da República (por inerência também comandante supremo das Forças Armadas) e do Governo (que tutela as questões ligadas à defesa e aos militares). De acordo com Esmeraldo Alfarroba, militar e pneumologista, o quadro orgânico de pessoal do Hospital das Forças Armadas “nunca foi preenchido completamente” e a falta de profissionais é da ordem dos 39%. “Uma falta deste nível é imenso”, sublinhou.
LUSA
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