“O COGI é uma oportunidade para os médicos portugueses interagirem com os melhores especialistas mundiais”
O COGI - World Congress on Controversies in Obstetrics, Gynecology & Infertility regressou a Portugal. Em entrevista, Diogo Ayres de Campos, presidente local do evento e da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, destacou os desafios da organização e a importância de debater temas inovadores e controversos, sublinhando a relevância de envolver os médicos portugueses no panorama científico global.
Como presidente português do COGI, qual foi a sua visão e os objetivos para esta edição do Congresso?
O COGI tem já várias décadas de evolução e realiza-se todos os anos na Europa, após ter tido um período em que se fazia por todo o mundo. Esta é a segunda vez que se realiza em Portugal. É um congresso internacional que conta sempre com palestrantes de renome mundial. Este ano, conseguimos incluir vários especialistas portugueses no programa, o que considero uma experiência muito importante para os médicos mais promissores a nível nacional.
E quais foram os principais desafios na organização de um evento internacional desta magnitude
O principal desafio é a gestão do número elevado de participantes, que costuma rondar os 1.500. Além disso, os congressos internacionais em Portugal atraem sempre muitos participantes nacionais. A organização exige uma atenção muito detalhada à programação científica, aos eventos sociais, bem como lidar com problemas de última hora que surgem sempre nestas grandes organizações. Todas essas questões são desafiantes, uma vez que temos muitos palestrantes e participantes oriundos de diferentes países.
A temática central desta edição é “Controvérsias em Obstetrícia, Ginecologia e Infertilidade”. Qual é a importância de abordar estas controvérsias e quais são os principais temas discutidos?
Este congresso centra-se sempre em temas inovadores e controversos nas áreas da Medicina Materno-Fetal, Ginecologia e Infertilidade. Os temas são abordados em sessões paralelas porque há quem se interesse mais por alguns temas do que por outros, mas também há médicos mais generalistas que pretendem assistir a sessões de várias áreas. São palestras que abordam os aspetos mais inovadores na evolução da especialidade. Existem áreas da Obstetrícia e Ginecologia onde o conhecimento está bastante estabilizado, em que mantemos as mesmas abordagens clínica há vários anos, pois não surgir evidência suficiente para que haja necessidade de mudança. Mas há também áreas emergentes, onde surgem novas terapêuticas e novos procedimentos, e é preciso avaliar os riscos e os benefícios dessas inovações. Este congresso dedica-se precisamente a discutir os temas de vanguarda, abordando novas práticas e questionando as abordagens atuais. Discutem-se inovações e a forma como estas podem melhorar as práticas clínicas, enquanto outras, eventualmente, se provam ineficazes.
Quais são os maiores desafios que a área da saúde da mulher enfrenta atualmente?
Existem muitos desafios, incluindo inovações importantes na área da Genética e do diagnóstico pré-natal, na aplicação da inteligência artificial, no tratamento do istmocelo, na reprodução medicamente assistida, no tratamento da endometriose, na síndrome génito-urinária, na gravidez múltipla, na indução do trabalho de parto, na prevenção do parto pré-termo, entre outras. Enfim, estas são algumas das áreas inovadoras e onde existe ainda mais controvérsias.
Quais são as mensagens principais que gostaria de deixar aos participantes?
Como presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, acredito que este congresso é uma oportunidade única para os médicos ginecologistas e obstetras portugueses interagirem com os maiores especialistas mundiais da especialidade, tanto a nível europeu como mundial, sem a necessidade de sair do país. A participação de médicos nacionais nas apresentações e nas discussões é uma mais-valia e uma oportunidade única para se expandir a experiência no panorama científico internacional. Essas interações são também muito enriquecedoras e importantes para os médicos mais jovens, que estão a começar a ter contacto com estes eventos internacionais, para poderem expandir a sua capacidade de comunicação com colegas de outros países, para aprofundarem os seus conhecimentos e alargarem a sua rede de contactos internacionais.
Sílvia Malheiro
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