“O Best of ASCO é uma oportunidade única para discutir os resultados dos estudos mais pertinentes”
A Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) vai realizar a 6 e 7 de julho, em Coimbra, o Best of ASCO 2023, um evento inédito, em parceria com a American Society of Clinical Oncology (ASCO). Miguel Abreu, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), fala da iniciativa, que acredita ter despertado o interesse de toda a comunidade científica portuguesa e que será um excelente momento de partilha para todos.
Como surgiu a ideia de realizar este evento inédito?
O Congresso da Sociedade Americana de Oncologia (ASCO) desperta, anualmente, o interesse da comunidade científica internacional contando, em 2023, com mais de 40 mil participantes. Sendo um dos “palcos” de excelência para apresentação dos resultados dos estudos de maior relevo na área da Oncologia, o seu impacto na prática clínica é, não raras vezes, imediato.
Há vários anos a decorrer em Chicago, a distância geográfica tem impossibilitado a participação de um elevado número de oncologistas nacionais, sendo também pertinente discutir e adaptar os resultados à realidade portuguesa.
Baseada nesta premência, surgiu a ideia de, tal como acontece em vários países há vários anos, Portugal concorrer para organizar uma reunião “Best of ASCO”. Foi com enorme satisfação que a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), viu a sua candidatura aceite. Todo o planeamento da reunião está, assim, oficialmente a cargo da Sociedade que escolheu o centro do país para discutir os estudos mais recentemente apresentados nos dias 6 e 7 de julho.
“Foi com enorme satisfação que a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), viu a sua candidatura aceite”
Como está a ser a experiência de organizar esta iniciativa?
Todo o processo é exigente, seguindo várias normas estabelecidas pela ASCO que, dessa forma, garante que as reuniões licenciadas em todo o mundo cumprem critérios de rigor e qualidade.
Existe uma constante comunicação entre a ASCO e a SPO para que, desde os materiais produzidos, como os flyers, sejam submetidos à chancela internacional.
Foi necessário criar um “Comité Científico” na Direção da SPO para ser interlocutor com a ASCO e para responder de forma célere a todas as solicitações. Mais uma vez, a SPO deu provas da sua excelência na capacidade organizativa que, desta feita, foi também validada internacionalmente.
De que forma a ASCO e o Best of ASCO contribuem para a atualização e formação dos especialistas e internos de Oncologia e de outras especialidades envolvidas no tratamento da patologia oncológica?
A investigação científica em Oncologia exige uma atualização permanente de conhecimentos pelo potencial impacto no tratamento dos nossos doentes. O “Best of ASCO” é, por isso, uma oportunidade única para discutir, à luz da realidade nacional, os resultados dos estudos mais pertinentes e recentemente apresentados na reunião ASCO 2023. Para além do acesso oficial a todos os materiais do Congresso, a SPO irá ainda publicar na sua revista o resumo da discussão nas várias áreas.
“Além do acesso oficial a todos os materiais do Congresso, a SPO irá ainda publicar na sua revista o resumo da discussão nas várias áreas”
Durante o Best of ASCO vão ser debatidos os 50 estudos de maior relevância apresentados na conferência ASCO. Como foi feita esta seleção?
Existe uma pré-seleção feita pela própria ASCO, considerando os trabalhos com maior impacto potencial. Ainda assim, a SPO não se limitou a esta escolha e solicitou trabalhos não contemplados na listagem inicial.
Quantos estudos foram apresentados na Conferência ASCO?
As estatísticas oficiais apontam para mais de 5.700 trabalhos apresentados nas várias áreas. Para além da discussão interpares, o Congresso proporciona ainda reuniões internacionais com vários investigadores, fomentando o network.
Em que áreas se verificam mais avanços?
É difícil de responder a esta questão. Como referi é um fórum multidisciplinar contemplando, por isso, várias áreas. Mesmo naquelas em que, em determinado ano não apresentam um número elevado de estudos que alterem a prática clínica, todo o Congresso é repleto de sessões educativas que revêem os principais temas das várias patologias.
Há algumas temáticas que gostasse de destacar?
Não querendo referir nenhuma área de patologia em concreto, gostaria de chamar à atenção para mesas mais abrangentes que também teremos como “Imunologia e biologia tumoral”. A compreensão da biologia tumoral é o garante do sucesso das terapêuticas que selecionamos para os nossos doentes.
Quais os próximos passos a dar?
Na lógica de reforçar a parceria com a ASCO, a SPO, irá ter no próximo Congresso Nacional em novembro 2023, três mesas conjuntas, denominadas “ASCO-SPO Joint Symposia”. Todo o desenho das mesas é português e resultou de um esforço e de uma extensa candidatura que a SPO desenvolveu e que foi acolhida e reconhecida pela ASCO como de alto valor científico pelo que conferiu a sua chancela e enviará também representantes seus ao Congresso Nacional de Oncologia.
Quais as suas expectativas para este Best of ASCO?
Pelo número de inscrições que recebemos até agora, mesmo no mês que tradicionalmente já é de férias em Portugal, estamos certos de que esta reunião despertou o interesse de toda a comunidade científica portuguesa e que será um excelente momento de partilha para todos.
Texto: Sílvia Malheiro
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