8 Jan, 2024

Novo equipamento para realização de exames PET/CT do CHUSJ oferece a “possiblidade de ajustar os tratamentos de forma individualizada”

O Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ) inaugurou um equipamento para realização de exames PET/CT capaz de detetar mais precocemente algumas doenças do foro oncológico, neurológico e cardíaco. Em entrevista ao SaúdeOnline, Teresa Faria, diretora do serviço de Medicina Nuclear do CHUSJ fala sobre este equipamento e os seus benefícios.

Como funciona este novo equipamento de realização de exames?

Este equipamento é capaz de aliar a avaliação funcional dos órgãos de todo o corpo com a anatomia. O órgão a avaliar (ou os recetores/transmissores) vai depender do radiofármaco que for administrado. Neste momento, só estamos a trabalhar com a fluorodesoxiglicose (FDG), porque ainda não temos a equipa reforçada de modo a podermos alargar para outros radiofármacos.

Este radiofármaco em específico deteta células que se encontrem com um metabolismo aumentado, ou seja, células que estão a consumir mais glicose, sendo que as detetamos em muitos tipos de carcinomas. Assim, conseguimos identificar as alterações relativamente aos tecidos normais.

Porém, não é só em Oncologia que esta tecnologia tem aplicação, uma vez que existem muitas outras doenças que também cursam com o aumento ou com a diminuição do metabolismo, onde o equipamento apresenta, na mesma medida, uma elevada importância e ajuda em muito no diagnóstico. No caso de um doente com uma febre persistente, com uma infeção oculta, podemos fazer este exame com avaliação de corpo inteiro e conseguimos identificar lesões que tanto podem ser infeciosas como inflamatórias, até de alguma patologia autoimune.

Outros doentes que beneficiam deste exame são os do foro neurológico, como os que sofrem com epilepsia refratária, por exemplo. Neste caso, procuramos zonas dentro do cérebro que estejam com menos consumo de açúcar e que poderão ser responsáveis pelas crises epiléticas. Nesta área da epilepsia o exame é particularmente útil nos casos em que temos uma ressonância cerebral negativa, que não mostra lesões, e ao fazermos a PET/CT cerebral procuramos identificar as tais zonas de hipocaptação do radiofármaco, com hipometabolismo, o que vai ajudar a orientar, por exemplo, uma intervenção mais invasiva, como uma cirurgia.

“O próprio hospital é centro de referência de várias patologias, não só do foro oncológico, para as quais, com este equipamento, podemos de facto ser uma mais-valia.”

 

Quais são os benefícios desta novidade?

Este equipamento é muito importante para o hospital por vários motivos: um deles prende-se com a acessibilidade dos doentes a esta tecnologia, uma vez que os exames estavam a ser todos realizados num prestador externo. No que diz respeito à passagem de informação, é muito melhor ter a tecnologia ‘em casa’ e podermos discutir os casos clínicos com o médico prescritor e nas consultas de grupo multidisciplinares. Quando os exames são feitos fora do hospital o processo tende a ser um pouco mais dificultado a nível do acesso a toda a informação clínica.

Outra vantagem é o facto de o doente poder ser seguido durante todo o processo dentro do hospital. Neste momento, estamos a conseguir realizar todos os doentes de internamento e também aqueles no início do diagnóstico e da investigação clínica. Contudo, não estamos a conseguir internalizar todos os exames requisitados, precisamos ainda de um reforço da equipa de técnicos e de médicos.

De facto, notamos que, desde que temos este equipamento, os pedidos estão a aumentar. O facto de termos o equipamento instalado e a capacidade de dar alguma resposta já está a fazer com que os clínicos que prescrevem estes exames também comecem a pedir mais, e portanto prevê-se que haja uma demanda ainda maior.

Outra grande vantagem prende-se com a qualidade do equipamento. O que o hospital adquiriu foi um equipamento topo de gama, de tecnologia digital, no valor de 2 milhões e 800 mil euros. É um equipamento com uma qualidade de imagem ímpar e que permite identificar lesões ainda muito pequenas, que com outros equipamentos podiam passar despercebidas. Assim, conseguimos fazer diagnósticos precoces e seguir os doentes com o intuito de avaliar as recidivas ou as respostas aos tratamentos.

Por outro lado, temos também a possiblidade de ajustar os tratamentos de forma individualizada a cada doente com base nessas informações mais precisas.

Outras vantagens são o facto de permitir reduzir a exposição à radiação. Com este equipamento é possível reduzir a quantidade do radiofármaco que utilizamos para realizar os exames, usando menor quantidade de radiação, e portanto há uma menor exposição quer dos doentes, quer dos profissionais que estão envolvidos na realização do exame.

Além disso, também permite reduzir o tempo de aquisição das imagens, o que proporciona um benefício para os doentes que não têm de estar imóveis numa posição desconfortável durante tanto tempo.

CG

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