14 Mai, 2023

“Missão 70/26”: iniciativa nacional pretende melhorar o controlo da hipertensão arterial

Conhecida como “pandemia silenciosa”, a Hipertensão arterial (HTA) afeta já cerca de 42% da população nacional, estimando-se que mais de 25% dos doentes desconheça que sofre desta patologia crónica. É o principal fator de risco para o acidente vascular cerebral, principal causa de mortalidade e incapacidade no nosso país.

A Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) assinala o Dia Mundial da Hipertensão (DMH) a 17 de maio, integrado na semana da HTA, e que tem como objetivo sensibilizar para esta problemática da HTA.

A SPH considera fundamental consciencializar os portugueses para esta doença, alertando-os para a importância de medir a pressão arterial, controlar a HTA e conhecer os riscos associados a valores não controlados.

Rosa de Pinho, médica de família e presidente da SPH, recorda que “a HTA, segundo o estudo PHYSA, afeta cerca de 42% da população portuguesa e estima-se que mais de 25% dos doentes desconhece que sofre desta patologia crónica. Não tem sintomas e está ligada a doenças cardiovasculares graves, nomeadamente ao acidente vascular cerebral, com taxas de mortalidade e incapacidade elevadas”.

Outro fator preocupante é a prevalência crescente de crianças e jovens com HTA, o que se atribui ao consumo excessivo de sal, sedentarismo e aumento de excesso ponderal/obesidade nessas faixas etárias.

Neste contexto, a SPH desenvolveu a “Missão 70/26”, uma iniciativa nacional para melhorar o controlo da hipertensão arterial, que tem como objetivo controlar 70% dos hipertensos vigiados nos cuidados de saúde primários em Portugal até 2026, através da implementação de um conjunto de ações destinadas a profissionais de saúde e doentes.

“Junto da comunidade, pretendemos sensibilizar a população para a importância de medir regularmente a pressão arterial, de aderir à terapêutica e de consultar o médico regularmente para vigilância da doença. Para isso, e beneficiando do papel de liga da SPH, será implementado um plano de ações com o intuito de divulgar e explicar a HTA junto do público em geral e informar, esclarecer e educar o doente sobre a gestão da doença” acrescenta de Rosa de Pinho.

A SPH, enquanto sociedade científica, tem ainda como prioridade envolver os profissionais de saúde, priorizando a atualização de conhecimentos, formação e a redução da inércia médica. Pretende-se envolver outras entidades direta ou indiretamente ligadas ao doente hipertenso, tendo como objetivo comum aumentar o controlo da pressão arterial.

Foi criado um prémio para os projetos de profissionais de saúde considerados mais relevantes na área da melhoria da adesão à terapêutica e do controlo de HTA.

O regulamento e condições de candidatura serão revelados no DMH.

De forma a poder monitorizar o impacto das ações desenvolvidas, a SPH fará uma avaliação regular dos indicadores disponíveis no bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários (BI-CSP), sabendo que, à data de hoje, temos 52,8% dos hipertensos vigiados nos CSP controlados (PA< 140/90 mmHg).

Desta forma, a SPH pretende alterar o panorama atual, caracterizado por um controlo deficiente da pressão arterial, que contribui fortemente para a elevada prevalência de acidente vascular cerebral bem como de outras doenças cardiorenovasculares, como a doença isquémica cardíaca, demência vascular e doença renal crónica.

 

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