Médicos Sem Fronteiras pedem acesso urgente para ajuda humanitária no Iémen
“Desde a escalada da violência, em março de 2015, os MSF trataram mais de 55.000 feridos de guerra em todo o país”, disse Djoen Besselink, que dirige a organização não-governamental no Iémen
Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) instaram hoje as partes em conflito no Iémen a permitirem a entrega de ajuda humanitária, dizendo ter tratado mais de 55.000 feridos durante a intervenção liderada pelos sauditas no país.
“As partes em conflito devem apoiar as organizações humanitárias a chegarem às pessoas que mais precisam”, defendeu, numa conferência de imprensa em Amã.
A guerra no Iémen opõe o internacionalmente reconhecido Governo do Presidente Abedrabbo Mansur Hadi aos rebeldes Huthi aliados às forças leais ao antigo presidente Ali Abdullah Saleh.
Os combates intensificaram-se em março de 2015, quando uma coligação liderada pela Arábia Saudita iniciou ataques aéreos para ajudar as forças leais a Hadi a retomarem o controlo sobre grandes parcelas do território que se encontravam nas mãos dos rebeldes.
A ONU estima que, desde então, mais de 7.400 pessoas, entre as quais 1.400 crianças, foram mortas.
“Apelamos às organizações de ajuda internacional e aos Governos doadores para que – em conjunto com a MSF – garantam que a ajuda é entregue a todos quantos dela precisam e aumentem a resposta humanitária onde necessário”, disse Besselink.
O responsável exortou também à reabertura de portos e aeroportos, encerrados desde que a coligação liderada pelos sauditas impôs um bloqueio marítimo e aéreo às áreas controladas pelos rebeldes.
A ONU instou a uma trégua para permitir a entrega de carregamentos de ajuda, mas a sua mediação e sete acordos de cessar-fogo falharam até agora.
Segundo Besselink, os serviços médicos no Iémen foram diretamente afetados pela violência.
“Há hospitais que foram atingidos por bombas e tiroteios. Quatro instalações da MSF foram atingidas por ataques aéreos”, precisou.
Tammam Aloudat, vice-diretor clínico da organização, disse que 26 elementos da equipa MSF morreram em bombardeamentos a infraestruturas médicas.
LUSA/SO