Médicos de família dizem não ter condições técnicas para realizar IVG

“A IVG, mesmo quando concretizada através de um medicamento, não se resume a passar uma receita e dizer à grávida para regressar a casa e tomar os comprimidos. Os médicos de família não têm formação de base para decidir se a IVG deve avançar através de medicamento ou de uma opção cirúrgica”, referiu o responsável da APMGF em declarações à SIC Notícias.

A reação surge na sequência de o ministro da Saúde, Manuel Pizarro ter dito que não há “nenhuma boa razão para que muitos centros de saúde não possam fazer consultas de IVG”, por causa das dificuldades que algumas mulheres têm de aceder a este procedimento no hospital.

 “Também é necessária uma ecografia que permita datar a gravidez e isto é um problema, porque o acesso à ecografia em ambulatório e nos cuidados de saúde primários (CSP) é muito reduzido e em alguns locais do país nem sequer existe ecografia obstétrica convencionada”, acrescentou.

O médico de família mostrou que existem alguns receios sobre a IVG nos CSP, já que “é preciso tomar uma decisão muito técnica e específica, que extravasa as competências habituais de um médico de família”.

Embora aceite que se possa fazer formação na área, sublinhou que existem outras questões como a escassez de recursos nas equipas, que estão “já no limite”.  “Estamos a falar de milhares de consultas para este tipo de seguimento, fazer consultas prévias, consultas em que se operacionaliza a IVG e consultas de acompanhamento subsequentes, isto em unidades que estão sobrecarregadas, em locais onde faltam muitos médicos e onde os que existem têm tanto trabalho que não lhes resta mais tempo para se dedicarem a outra tarefa.”

MJG

Notícia relacionada

Ministro admite alargar IVG a cuidados de saúde primários