20 Fev, 2024

Intenções de doação do corpo à ciência na FMUP ainda longe dos números pré-covid

O número de pessoas que mostra intenção de doar o corpo à ciência tem vindo a aumentar nos últimos quatro anos, mas ainda está longe dos registos pré-pandemia, indicou a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

“Foi uma época muito difícil, uma época muito pesada, na qual as pessoas estavam concentradas nas consequências de uma doença que era desconhecida, no ‘fique em casa’ (…). Estavam focadas em outras coisas, como é natural. Mas agora voltamos a registar um aumento [de intenções de doação cadavérica] gradual”, disse a coordenadora da Unidade de Anatomia.

Em declarações à agência Lusa, na véspera de uma cerimónia organizada pelos estuantes da FMUP que visa homenagear todos aqueles que doaram o seu corpo para fins de ensino e investigação científica, Dulce Madeira contou que a comunidade estudantil, apoiada pelos professores e responsáveis da unidade, “tem mostrado muito empenho nesta área tão importante”.

“A doação cadavérica para o estudo e investigação é um ato de generosidade e filantropismo. A formação de melhores médicos só é possível com uma forte base científica e através da prática, com conhecimentos sólidos e de maior humanismo”, disse a também professora da FMUP.

Em 2023, deram entrada na FMUP 325 novas intenções de doação, mais 57 do que em 2022. Nos anos anteriores, e ainda relacionados com a pandemia, o número de intenções pouco ultrapassou as duas centenas: 204 em 2021 e 210 em 2020. Estes números contrastam com os anos anteriores à pandemia. Em 2019 (dados só até junho) 315 pessoas mostraram intenção de doar o corpo à ciência.

Em 2018, as intenções de doação ultrapassaram o meio milhar: 513. E só em 2016 e 2017 – “talvez porque a divulgação ainda era muito pouca”, acredita a coordenadora – os números são mais modestos: 155 e 212, respetivamente. “Antes da pandemia tínhamos feito quatro cerimónias [de homenagem]. Só a seguir à primeira cerimónia, o número de intenções dobrou”, descreveu Dulce Madeira, reiterando a importância da iniciativa intitulada de “Evocação da Dádiva” que decorre quarta-feira, às 15:00, no Serenarium do Cemitério de Agramonte, no Porto.

No convite para a cerimónia, a FMUP recorda que a cerimónia visa relembrar a importância da doação cadavérica para o desenvolvimento de conhecimentos e na formação em medicina. “[Pretende-se] prestar uma singela homenagem a todos os cidadãos que, desde 1980, doaram o seu corpo à FMUP e contribuíram para a formação médica de milhares de estudantes e profissionais de saúde”, descreve a faculdade.

A entrada é livre a todas as pessoas que já manifestaram a sua intenção de doação, bem como a todos os familiares das pessoas que doaram o seu corpo à FMUP.

LUSA

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