Instante 7, a Negociação
Por: Fernanda Mendes Barata
O planeta é agora um carreiro estreito. 4.5 milhões de pessoas estão confinadas entre paredes desta tirania invisível. Joga-se o jogo do medo. Não tenho cartas na manga, nem dados viciados. Não é possível fazer batota e não tenho por onde fugir. Nenhuma máscara pode disfarçar-me de inocente.
Parece-me que vamos todos a caminho de um velório, todos mais gordos e mais pálidos, e cada um de nós vai velar a si mesmo.
Eu vou, sentada em frente ao computador a partir do qual reinvento agora a minha vida. Há pessoas cobertas de negro, caídas para dentro de buracos comuns. Outras cobertos de branco, começam a correr para escadas de salvação. Outras gritam. Outras berram e estrebucham lançando-se entre si falhas, delitos e erros como foguetes e mísseis que julgam mortíferos. Outras ganham e outras perdem nesta batalha de uns contra os outros e de todos contra todos, em que tudo se parece uma lacuna no tempo.
Perdeu-se o foco. Parece perder-se a guerra.
Eu não quero morrer. Não quero morrer sem desfazer aquilo que não sei que fiz. Ou que não fiz.
Se eu mudar, será que posso ter tudo de volta?
Lá fora: Alguém disse: talvez uma vacina.