8 Jun, 2020

Infarmed preocupado com uso generalizado de testes serológicos

A autoridade do medicamento diz que os testes serológicos rápidos agora disponíveis são os que levantam "maiores preocupações".

Têm-se multiplicado em Portugal a oferta dos testes serológicos, que servem para perceber se a pessoa já teve contacto com o SARS-CoV-2 e se desenvolveu anticorpos produzidos pelo sistema imunitário. Através de uma picada no dedo, é recolhida uma amostra de sangue e os resultados são obtidos em poucos minutos.

Estes testes rápidos começam a ser disponibilizados em farmácias e clínicas em Portugal, com preços que oscilam entre os 25 e os 50 euros. Já há mais de 50 marcas de testes serológicos rápidos diferentes com certificação CE registadas no Infarmed. “Contudo, este registo não constitui qualquer autorização ou validação por parte do Infarmed”, esclareceu o regulador ao jornal Público.

Está ainda registada no Infarmed uma dezena de testes ditos automatizados, que são apenas realizados nos laboratórios de análises clínicas, e que custam entre 78 e 86 euros.

Em maio, a Ordem dos Farmacêuticos pediu um esclarecimento ao Infarmed porque queria saber se as farmácias estão ou não habilitadas a realizar estes testes rápidos para pesquisar a presença de anticorpos. O Infarmed respondeu que os farmacêuticos estão habilitados do ponto de vista técnico para os fazer, e que as farmácias “poderiam” realizá-los “caso se revelassem úteis para a população em geral”, mas, “no contexto actual, não estão reunidas as condições para que os testes serológicos rápidos possam ser realizados nas farmácias comunitárias ou em qualquer outro local de forma generalizada como método de diagnóstico”.

O seu “resultado isolado não pode excluir a possibilidade de infecção” pelo novo coronavírus, refere o Infarmed.

 

Desempenho dos diferentes testes no mercado ainda está a ser “alvo de discussão”

 

Foi ainda frisado que estes são dispositivos destinados “apenas para uso profissional“, até à data, e que estes testes rápidos levantam preocupações “dada a disseminação da sua comercialização”. O facto de a sua utilização ser “simples” pode muitas vezes induzir o público a erro. O regulador frisa ainda que “é proibida a sua publicidade junto do público em geral”.

“O que está aqui em causa não é a capacidade de os profissionais fazerem este teste, mas sim a capacidade da sua interpretação”, revelou Franklim Marques, presidente da Direcção Regional do Norte da OF, ao jornal Público.

Em abril, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) recomendou às suas associadas que, por enquanto, estes testes sejam realizados apenas internamente aos disponibilizados em farmácias e clínicas, que custam entre 25 a 50 euros.

SO/Público

 

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