13 Mar, 2024

Incontinência urinária por regurgitação. “Diagnóstico precoce pode impedir lesão do aparelho urinário alto”

No âmbito do Dia Mundial da Incontinência Urinária, que se celebra a 14 de março, Miguel Silva Ramos, assistente hospitalar graduado de Urologia na ULS de Santo António e presidente da Associação Portuguesa de Urologia (APU), fala sobre incontinência urinária por regurgitação e apela a um diagnóstico precoce de modo a evitar complicações.

“A incontinência urinária por regurgitação nem sempre é fácil de diagnosticar clinicamente”, começa por afirmar o médico urologista. Nestes casos, Miguel Silva Ramos explica que existe alguma dificuldade de esvaziamento, associada a falta de força do detrusor, que faz com que a pressão que existe ultrapasse a resistência uretral, causando perda de urina.

No campo sintomático, o presidente da APU indica que, na prática, as pessoas não conseguem perceber o porquê da perda de urina. “Clinicamente, só pelos sintomas, é difícil realizar um diagnóstico. No entanto, temos de ter presente a suspeita deste tipo de incontinência quando, associado aos sintomas de armazenamento, existem também sintomas de esvaziamento”.

“Em casos de idades avançadas ou de patologias associadas, nomeadamente neurológicas, deve haver suspeita de incontinência urinária por regurgitação”

A nível de prevalência, Miguel Silva Ramos afirma que este tipo de incontinência ocorre tanto no homem como na mulher, “embora seja muito comum no sexo masculino”. De acordo com o médico, o aumento da esperança média de vida da população é um fator que deverá impulsionar a tendência de aumento de casos de incontinência urinária por regurgitação.

O especialista alerta ainda para o grande impacto desta patologia, dado que, por estar “associada a uma hiper rotação vesical, pode também dever-se uma dilatação dos ureteres e do rim e, em última análise, causar também insuficiência renal”. “Por outro lado, pode também resultar num maior risco de infeções e por isso é uma incontinência mais grave e mais complexa do que o habitual”. Nestes casos, o tratamento implica auto algaliação de modo a desobstruir o problema do esvaziamento. “A questão é a  contração do detrusor, que é o mais difícil de resolver.”.

Alertando que não existe uma forma de prevenção específica para este tipo de incontinência, Miguel Silva Ramos salienta a importância de se realizar o diagnóstico “da forma mais atempada possível, para que seja possível intervir antes que haja lesão do aparelho urinário alto”, conclui.

 

CG

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