9 Dez, 2021

Faltam médicos no Hospital de Portalegre. SIM fala em “calamidade”

A realidade é marcada pela “ausência de clínicos” suficientes para as “necessidades do serviço, com escalas em total incumprimento com os requisitos mínimos de segurança", denuncia o Sindicato Independente dos Médicos.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) denunciou o que classifica como uma “situação grave” e uma “calamidade” vivida nas Urgências do hospital de Portalegre, devido à falta de clínicos para fazer face “às necessidades desse serviço”.

Em comunicado, o SIM disse ter tido “conhecimento da situação grave que se vive no Serviço de Urgência (SU) do Hospital Dr. José Maria Grande”, pertencente à Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA).

De acordo com o SIM, a realidade vivida nessa unidade é marcada pela “ausência de clínicos” suficientes para as “necessidades desse serviço, com escalas em total incumprimento com os requisitos mínimos de segurança para os doentes e para os clínicos”, o que está a provocar “um cenário de instabilidade e insegurança”.

“Além das escalas depauperadas, são exigidas tarefas de apoio às áreas dedicadas a doentes respiratórios e urgência interna”, acrescentou.

Para o sindicato, não é “admissível o silêncio do diretor clínico e do conselho de administração” do hospital alentejano.

No comunicado, o SIM apela ao Governo, à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo e ao conselho de administração da ULSNA para que “não continuem a ignorar os problemas da falta de médicos” no hospital, uma situação que “nem o cada vez maior recurso a empresas prestadoras consegue disfarçar”.

O executivo e estas entidades “demonstram a sua total incapacidade na resolução dos problemas, refletida na incapacidade e incompetência em fixar médicos, gerando insuficiências na prestação dos serviços com qualidade neste hospital”, criticou.

O sindicato representativo dos médicos alertou que não é possível pedir “mais trabalho” aos clínicos “quando estes estão a chegar no limite das suas capacidades”.

“Muitos deles”, prosseguiu, têm “mais de 500 horas extraordinárias” acumuladas, o que “representa mais 60 dias de trabalho numa jornada diária de oito horas”.

Segundo o SIM, médicos deste hospital alentejano já apresentaram minutas de escusa de responsabilidades, mas estas “merecem uma total indiferença” por parte do conselho de administração da ULSNA.

“O SIM não pode deixar de manifestar o seu protesto em relação aos factos referidos e exige soluções ao conselho de administração e ao Ministério da Saúde para a melhoria das condições laborais dos trabalhadores médicos do Hospital Dr. José Maria Grande”, pode ainda ler-se no comunicado.

Em reação à denúncia do SIM, o hospital assegura que o Serviço de Urgência do hospital de Portalegre está, “neste momento, a dar resposta” as necessidades “com os recursos previstos”. “A ULSNA reconhece que, em determinadas circunstâncias próprias desta época de inverno, há uma maior afluência e, nesse sentido, procura adaptar a resposta exigida”, disse a unidade local, nos esclarecimentos enviados à agência Lusa.

A 18 de novembro, em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho Sub-Regional de Portalegre da Ordem dos Médicos, Hugo Capote, já tinha alertado para problemas neste hospital, argumentando que os recursos médicos e as vagas em enfermaria estavam no “limite”.

O também diretor do SU do Hospital Dr. José Maria Grande acrescentou, na altura, recear a resposta que poderia vir a ser dada na unidade caso aumentassem os internamentos por covid-19.

LUSA

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