Especialistas recomendam rastreios à saúde mental dos adultos com menos de 65 anos
O rastreio consiste no preenchimento de escalas de avaliação, preferencialmente em unidades de saúde mais próximas, e no encaminhamento para uma consulta, sempre que se justifique.
Um grupo de cientistas norte-americanos recomendou, pela primeira vez, a realização de rastreios à saúde mental de adultos com menos de 65 anos, segundo noticia o jornal Público. O objetivo é diagnosticar numa fase ainda precoce perturbações da ansiedade, depressão ou avaliar o risco de suicídio.
A recomendação foi publicada por uma equipa de aconselhamento do governo, a Task Force dos Serviços de Prevenção dos Estados Unidos, na sequência do impacto da pandemia, da guerra na Ucrânia e das consequências económicas subjacentes.
Já há uns meses, o mesmo grupo havia alertado para a importância de adotar a mesma estratégia com crianças e adolescentes, face ao aumento de casos diagnosticados em pessoas com menos de 18 anos.
O Público ouviu especialistas portugueses sobre a possibilidade de se avançar com a ideia dos rastreios em Portugal. Pedro Morgado, psiquiatra e coordenador regional de saúde mental do Norte, afirmou que esta medida seria “muito facilitada” pelo sistema utilizado nos centros de saúde – que já inclui uma escala de rastreio de ansiedade e depressão. Considera, contudo, que é preciso definir a população-alvo e a periodicidade.
Já Miguel Ricou, da Ordem dos Psicólogos Portugueses e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, não tem uma visão tão positiva. “Confesso que me assusta um bocadinho, porque pode não resultar. As provas de avaliação psicológica e os inventários devem ser utilizadas no contexto do que são consultas psicológicas, por exemplo, em que são auxiliares de diagnóstico”, afirma.
Ambos concordam, no entanto, com a necessidade de se apostar mais na literacia em saúde mental e na capacitação dos utentes.
SO/PÚBLICO
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