“Empagliflozina é um único ISGLT2 a demonstrar redução da mortalidade em doentes com DT2 de elevado risco CV”

Para além do impacto significativo na redução do risco de morte por eventos CV, a empaglifozina reduz também, em quase 40% o risco de agravamento ou aparecimento da nefropatia, sublinha o Prof. Dr. Davide Carvalho, diretor do serviço de Endocrinologia do Hospital de São João, num mês em que se passam 5 anos desde a divulgação dos resultados do estudo EMPA-REG.

Dia 15 de Setembro, o Empa-Reg Outcome comemora 5 anos desde a sua publicação e o Prof. Davide Carvalho estava na sala em que os resultados foram o apresentados. Pode partilhar o que sentiu quando viu as famosas curvas de Kaplan Meier?

Na EASD, há sempre momentos de grande excitação e grande entusiasmo, porque os médicos anseiam por melhores terapêuticas para os seus doentes. Após as desilusões do SAVOR-TIMI e do EXAMINE, em que os inibidores da DPP4 causavam menos hipoglicemias mas, em termos cardiovasculares, eram semelhantes às sulfonilureias, como o CAROLINA viria a comprovar definitivamente, esperávamos por novas opções.

Estimulamos pela divulgação da informação de que os dados tinham sido positivos, fez com que a sala onde o EMPA-REG ia ser apresentado já estava repleta 30 minutos antes apesar de ser uma sessão de comunicações orais. Durante a apresentação, as expectativas foram crescendo de forma a que, quando os resultados do ponto-final primário foram apresentados, houve uma explosão de alegria e as pessoas levantaram-se a bater palmas.

Qual o impacto que o estudo Empa-Reg Outcome teve na abordagem e gestão ao doente com DT2?

O estudo Empa-Reg Outome demonstrou pela primeira vez que a empagliflozina, um inibidor dos SGT2,  vs placebo em doentes com DM2 e DCV e demonstrou superioridade da empagliflozina na redução do risco de um composto de 3 eventos CV adversos (MACE), constituído por morte CV, Enfarte agudo do miocárdio (EM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC) não fatal, com uma redução relativa de 38% na morte CV, 32% na morte por todas as causas e 35% em hospitalização por IC (HIC).

Os benefícios observados foram relacionados com a diminuição da incidência dos eventos de IC, e não com a prevenção de eventos isquémicos. Sendo a doença cardiovascular a principal causa de morte em 75% dos diabéticos, estes fármacos passaram a ser indicados como fármacos de escolha para adicionar à metformina em doentes com doença cardiovascular.

Podemos afirmar que com o estudo Empa-reg Outcome deixa de haver uma abordagem glicocêntrica, inaugurando-se um novo conceito que assenta numa abordagem Cardio-Reno-Metabólica?

Embora não tenha sido desenhado especificamente para responder à questão do possível efeito dos iSGLT2 na função renal, o EMPA-REG OUTCOME também demonstra resultantes impressionantes da empagliflozina nos eventos renais (MARE). Durante os 3,1 anos de duração média, a empagliflozina reduziu em quase 40% o risco de agravamento ou aparecimento da nefropatia. Isso incluiu uma redução na progressão para macroalbuminúria (RR 0,62; p<0,001), mas também uma redução significativa no ponto-final renal “mais difícil” de duplicação da creatinina sérica, início da terapia de substituição renal e morte por doença renal (ITT 0,54; p <0,001).

Curiosamente, a empagliflozina reduziu a TFGe mais do que o placebo durante o primeiro ano, mas a TFGe estabilizou depois com a empagliflozina, enquanto no braço do placebo, a TFGe sofreu um declínio progressivo, de modo que a TFGe foi significativamente menor no braço do placebo no final do estudo. Assim, houve uma mudança no paradigma do tratamento da diabetes tipo 2: em vez de procurar reduzir a glicemia, passou a pretender-se mudar o prognóstico cardio-renal da doença.

5 anos após a publicação do Empa-Reg Outcome, a Empagliflozina continua a ser o único iSGLT2 com evidência na redução da mortalidade em doentes com diabetes tipo 2 e doença cardiovascular estabelecida.

A empagliflozina é um único ISGLT2 a demonstrar a redução da mortalidade em doentes diabéticos tipo 2 de elevado risco cardiovascular, isto é, doentes com doença cardiovascular prévia. Numa meta-análise recente, parece haver uma heterogeneidade entre os iSGLT2 com propriedades da empagliflozina não partilhados por outros iSGLT2. No entanto, a dapagliflozina demonstrou reduzir a mortalidade de todas as causas em doentes com insuficiência cardíaca, estando a diabetes presente em 42% dos doentes.

SO

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