Dos jovens aos ‘senadores’: SPEDM quer envolver todos para produzir “melhor conhecimento”

O endocrinologista e militar João Jácome de Castro já tomou posse como presidente da SPEDM. A pandemia não é um obstáculo à “vontade de fazer mais e melhor”, diz, em entrevista ao SaúdeOnline.

A pandemia veio ocupar espaço noticioso e ocupar investimento no campo clínico e da investigação. No entanto, João Jácome de Castro dá exemplos que mostram como a SPEDM não se deixou paralisar pela Covid-19. “A SPEDM desenhou um conjunto de programas de formação pós-graduada por meio virtual; tivemos um Congresso Nacional que foi um sucesso, que costuma ter cerca de 600 participantes e este ano teve mil”, diz, acrescentando que a pandemia “não o assusta e não deve assustar a SPEDM”.

Ainda assim, Jácome de Castro assume que “é um desafio ter sido eleito para a presidência neste momento complexo da vida nacional”. A esperança, diz, é que depois de vencida a pandemia, a atividade da SPEDM reassuma uma “normalidade acompanhada de vontade de fazer mais e melhor – na investigação, na formação, na otimização da qualidade clínica”.

No entanto, o também diretor de Saúde Militar rejeita que a investigação na área da Endocrinologia esteja a ser protelada e lembra o trabalho da SPEDM no último ano. “Uma das preocupações da SPEDM foi investir em projetos de investigação, não deixando que as pessoas ‘adormecessem’ em termos de pensamento cientifico. Atribuímos bolsas, financiámos projetos e promovemos atividades nessa área”. Uma área onde, de resto, a SPEDM quer continuar a investir, nomeadamente com a ajuda de outras sociedades científicas, com quem a SPED quer estabelecer mais parcerias – “juntos somos mais fortes”, reforça Jácome de Castro.

Novos desafios (para lá da pandemia)

O novo presidente da SPEDM elenca uma série de objetivos que vão nortear o seu mandato e da sua equipa ao longo dos próximos três anos. “Queremos promover a Endocrinologia portuguesa no mundo e contribuir para que seja, cada vez mais, reconhecida como uma especialidade importante e prestigiada na área médica”.

No plano interno, Jácome de Castro fala da vontade de poder contar com o todos, dos mais novos aqueles a quem chama ‘senadores da endocrinologia’. “É muito importante que os internos de endocrinologia se revejam na SPEDM e, por outro lado, é também importante envolver os mais antigos, aqueles que, retirados da vida clínica, têm um capital de conhecimento extraordinário, motivação, mais tempo e devem ser aproveitados”, sublinha.

Para além disso, e porque a SPEDM não se quer só cingir aos endocrinologistas, Jácome de Castro frisa o potencial que pode advir de uma colaboração mais alargada, envolvendo aqueles que, “não sendo endocrinologistas, se interessam pelas doenças endócrinas”. “Falo, em particular, de investigadores, médicos de outras especialidades, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros. É muito a partir deste trabalho em equipa que se produz mais e melhor conhecimento”, reafirma.

Não esquecendo o papel fundamental da indústria farmacêutica como “motor do investimento em investigação e formação”, João Jácome de Castro adianta que um dos objetivos da SPEDM no seu mandato será aumentar o peso institucional, de modo a “que as autoridades de saúde vejam a SPEDM como um parceiro a ter em conta na tomada de decisão”.

E porque se sabe que os centros de saúde e USFs são a porta de entrada da maioria da população nos cuidados de saúde, o novo presidente da SPEDM quer “melhorar a colaboração com os médicos de MGF, de modo a que a SPEDM possa ser uma fonte de orientações no que diz respeito à forma de diagnosticar e tratar as pessoas com doença endócrinas”.

No campo da literacia em saúde, a SPEDM quer aumentar a presença nas redes sociais de maneira a divulgar as principais doenças na área e facilitar o diagnóstico precoce. “40% dos diabéticos não sabem que o são. As doenças da tiroide, que são altamente prevalentes, estão subdiagnosticadas”, exemplifica Jácome de Castro.

 

 

Desafios do combate à diabetes

Individualizar o tratamento: “Já há grandes avanços nesta área –com mais e melhores fármacos. É importante definir objetivos rigorosos e isso passa definir objetivos individualizados – a partir daqui escolhemos as melhores armas terapêuticas”

Combater a inércia terapêutica: “Os médicos não se podem acomodar a resultados que não estão de acordo com os seus objetivos. Quando não se atingem os objetivos, temos de intensificar a agressividade terapêutica, com combinações de fármacos”

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais