9 Nov, 2022

Desafios em Oncologia. “Alargamento dos rastreios, acesso a novos fármacos e redefinição dos Centros de referência são desejáveis”

Em entrevista, o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Miguel Abreu, antecipa o próximo congresso nacional da especialidade, que vai decorrer entre de 16 a 18 de novembro no Porto, para o qual parte "com expectativas altas" e aborda também o estado atual da Oncologia em Portugal e os maiores desafios nos próximos anos.

Quais as suas expectativas para o 19º Congresso Nacional de Oncologia?

O Congresso Nacional de Oncologia é a reunião magna da Oncologia Portuguesa. Alicerçada no espírito multidisciplinar da Sociedade Portuguesa de Oncologia, traz para a discussão os vários intervenientes responsáveis pela abordagem do doente oncológico.

As expetativas para este 19º Congresso são altas, tendo-se registado o maior número de trabalhos alguma vez submetido (ascendeu a mais de 220) e, neste momento, contamos já com 600 inscrições.

Pela qualidade reconhecida do Congresso e da sua importância para a sociedade, foi-nos atribuído o alto patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República e a Acreditação da ESMO (European Society of Medical Oncology) e da European Accreditation Council for Continuing Medical Education.

Este ano, comemoraremos ainda os 40 anos da nossa Sociedade, estando certo de que, serão três dias de grande partilha ente todos.

Que temas e novidades destaca na edição deste ano?

O Congresso está dividido em várias sessões temáticas, formalmente diferentes, que vão muito para além das abordagens terapêuticas das várias patologias. Teremos mesas de Oncopolítica e temas macro, onde discutiremos assuntos importantes como por exemplo, organização dos sistemas de saúde em Oncologia e acessibilidade e equidade aos tratamentos, sessões de frente a frente com duas alternativas terapêuticas em discussão e casos clínicos interativos.

Pela parceria mantida com a Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP) teremos um programa paralelo destinado a este importante grupo profissional que integra a equipa multidisciplinar e, pela primeira vez, contaremos com a participação ativa de doentes e das suas Associações que estarão fisicamente no Congresso. Esta mudança clara de paradigma acompanha as tendências da Oncologia Internacional, existindo uma tertúlia, no final do primeiro dia de trabalhos organizada pelo nosso grupo de Patients’Advocate. Entendemos que, só com o conhecimento real das várias necessidades e expectativas dos doentes poderemos adequar os tratamentos que lhe oferecemos.

O mote deste congresso é REFLETIR O PRESENTE E OUSAR O FUTURO. Como avalia o estado atual da Oncologia em Portugal? quais os maiores desafios? E como projeta o futuro? Que avanços importantes perspetiva que venham a ocorrer na próxima década?

Envolvendo várias especialidades, médicas e não médicas, foram múltiplos os avanços científicos e tecnológicos que se observaram na Oncologia, essencialmente nas últimas três décadas.

Como todas as áreas da medicina, em constante mudança, são vários os desafios que se lhe coloca. Em Portugal a retrospetiva histórica que apresentaremos demonstra, orgulhosamente, o caminho que percorremos mas é necessário refletir o estado atual da Oncologia, obviamente enquadrado na situação atual do Serviço Nacional de Saúde para que, com isso, projetemos um futuro igualmente risonho mas que, não poderá esquecer a sustentabilidade.

Projetos como o alargamento dos programas de rastreio, uma nova estratégia para definição de Centros de referência (os “novos” Comprehensive Cancer Centers) e o acesso a um maior número de fármacos de reconhecido valor terapêutico e ensaios clínicos são desejáveis por todos nós. Acima de tudo, é fundamental reunir todos os que realmente tratam estes doentes e que por isso, reconhecem facilmente as estratégias a seguir com vista a uma nacional.

Pelo conhecimento da realidade portuguesa e a reunião de mais de 800 colegas entre os seus associados, a Sociedade Portuguesa de Oncologia ocupa um lugar cimeiro, de relevância inquestionável, para discutir estes temas estruturais.

SO

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