15 Nov, 2018

“Conseguimos desenvolver investigação da melhor que se faz no mundo”, afirma Manuel Correia

Entre os dias 15 e 17 de novembro, decorre o Congresso de Neurologia 2018 com o tema "inteligência artificial e inovação tecnológica". Ao Saúde Online, o Prof. Dr. Manuel Correira, presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPM) fala sobre o contributo de novas áreas para a evolução das neurociências, destacando os avanços tecnológicos em Portugal.

Quais são as expectativas para o Congresso de Neurologia 2018?

Esperamos à volta de 350 pessoas inscritas, excluindo os moderadores e os palestrantes. É um congresso que a SPN organiza todos os anos, em que convidamos especialistas estrangeiros e nacionais da área da neurociências. Temos conferencistas de outras áreas também, como o prof. Arlindo Oliveira do IST que vai abordar o tema sobre a inteligência artificial e o arquitecto Alexandre Alves Costa que vai falar sobre criatividade e tecnologia. É um congresso que vai para além da neurologia, envolvendo outras áreas da ciência e da cultura.

E de que forma estas áreas se relacionam com a neurologia? 

A tecnologia tem uma relação direta com a neurologia. A  inovação tecnológica vem da imaginação (criatividade), que vem do nosso cérebro e os processos do funcionamento cerebral são estudados nesta área.

Considera a evolução tecnológica poderá trazer obstáculos para esta área?

Pelo contrário, traz muitas coisas boas. A inovação no tratamento e observação dos doentes vem da tecnologia. É só imaginar o que a neurologia evoluiu a partir do momento em que se tornou possível fazer imagens do cérebro através da ressonância magnética. São inovações enormes que dependem da evolução tecnológica.

Que patologias beneficiaram mais com o desenvolvimento tecnológico?

Todas as patologias. Desde o Acidente Vascular Cerebral (AVC) à esclerose múltipla, assim como a demência.

Que inovações gostaria de destacar?

Consigo pensar em muitas. Do ponto de vista terapêutico, as nanoestruturas que transportam os medicamentos para onde estes são necessários e a utilização de biomarcadores para detenção de doenças. Isto pode-se aplicar a várias áreas da ciências.

Quais os principais desafios da neurologia?

O que precisa de ser ainda trabalhado nesta especialidade é perceber os mecanismos das doenças. Sabemos o que é que acontece, mas não sabemos o porquê. Particularmente na área da neurologia, passa também por perceber o ambiente em que vivemos, assim como as consequências disso para o cérebro e para a doença. Por exemplo, tem sido muito defendido que a poluição atmosférica é um grande fator de risco para o AVC ou que viver junto de auto estradas muito movimentadas aumenta o risco de Alzheimer. Portanto, há uma grande área para perceber como o nosso cérebro se relaciona com o meio em que vivemos e como é que isso se traduz no desencadear das doenças. É o futuro.

Considera que Portugal está a conseguir acompanhar outros países quanto à inovação tecnológica? 

Não tenho a mínima dúvida. Em termos de investigação médica, temos excelentes cientistas e conseguimos desenvolver investigação da melhor que se faz no mundo. Neste congresso, vamos ter uma mesa redonda, organizada por nós e pela Universidade do Porto, onde se vai mostrar os desenvolvimentos tecnológicos em ciência básica e ciência de de translação que se faz em Portugal.

Mónica Abreu Silva

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