5 Jul, 2024

Diabetes tipo 2. “O glucocentrismo continua a fazer sentido”

“Gestão atual da diabetes tipo 2: otimizar, intensificar, controlar” foi o tema do simpósio da Menarini nas 15.as Jornadas Práticas de Diabetologia e Obesidade em MGF da Zona Norte, que decorreram nos dias 27 e 28 de junho, em Vila Nova de Gaia. A endocrinologista Adriana Lages apelou à intensificação da terapêutica e à importância de se continuar a olhar para a glicemia.

Diabetes tipo 2. “O glucocentrismo continua a fazer sentido”

“É importante controlar a glicemia, o glucocentrismo continua a fazer sentido, porque a cada redução de 1% de HbA1c obtém-se uma diminuição muito expressiva das complicações microvasculares em doentes com diabetes tipo 2 (DM2)”, referiu Adriana Lages, endocrinologista na ULS Braga, às centenas de especialistas de Medicina Geral e Familiar (MGF) que participaram no evento.

Além disso, continuou, “os valores da HbA1c continuam a ser um forte preditor de risco de acidente vascular cerebral (AVC) e de enfarte agudo do miocárdio”.

Apesar de, nos últimos anos, o foco ser, essencialmente, na proteção cardiorrenal destes pacientes, a endocrinologista lembra que não se pode esquecer, também, o papel da glicemia. Como recordou: “O primeiro pilar fundamental da gestão da DM2 é o controlo glicémico.”

Relativamente à escolha do fármaco mais adequado, a especialista alerta que, “nem todas as classes terapêuticas são iguais”. E, para o demonstrar, apresentou os dados de múltiplos estudos, segundo os quais, “entre os iSGLT-2, apenas canagliflozina dose 300 mg permitiu obter uma redução de, pelo menos, 1% na HbA1c, a partir da linha base <=8,2%, com endpoint primário em quatro ensaios clínicos de fase III”.

Outra vantagem face a outras classes, é o facto de “canagliflozina dose 300 mg ter permitido atingir, em mais de metade dos doentes, um valor de HbA1c inferior a 7%”.

Os benefícios deste fármaco também se estendem à perda ponderal, segundo a médica, já que muitos doentes têm excesso de peso ou obesidade. “Em causa está a sua potência excretora de glicose. Por exemplo, com canagliflozina 300 mg é possível perder 119 mg/dl de glicose/dia na urina, ou seja, são menos 500 g/dia.”

Estes valores são válidos, segundo indicou, não apenas em monoterapia, mas também em terapêutica dupla ou tripla. “Como é um fármaco glicosúrico, consegue-se melhoria na glicose em jejum, mas também na glicose pós-prandial, na qual há mais dificuldades de controlo por parte dos doentes.”

Adriana Lages defendeu, assim, que o médico de família não deve recear a mudança e a intensificação deste tratamento. “É preciso combater a inércia terapêutica, não deve haver qualquer receio por parte do médico de família para intensificar a terapêutica, passando-se de canagliflozina 100 mg para 300 mg”. De acordo com o estudo INTENSIFY, especificou, “os benefícios [dessa mudança] são visíveis mesmo numa população em que a maioria está sob metformina, quase 50% sob GLP1 e 43% sob insulinoterapia”.

Como acrescenta: “A vantagem de se passar de 100 mg para 300 mg vai-se perpetuar no tempo, quer ao nível da glicose quer da perda ponderal e dos valores  de HbA1c baseline.”

Apesar das mais-valias desta classe farmacológica, Adriana Lages ressalvou que “tratar a pessoa que vive com DM2 é como construir uma casa”. “Além da medicação, na base estão sempre as alterações do estilo de vida, sobretudo alimentação saudável e exercício físico”, indica. Contudo, mesmo neste ponto, é preciso evitar “dietas demasiado restritivas” e planos de exercício difíceis de cumprir”.

SO

Fotorreportagem

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