19 Jan, 2023

Cirurgia a artéria carótida. Algoritmo da FMUP consegue prever risco de problemas neurológicos

Embora seja muito usada, a cirurgia a artéria carótida pode ter como efeitos adversos défices neurológicos, como confusão e alterações na fala, na função motora e na consciência.

Uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) consegue prever quais os doentes cardiovasculares com maior risco de desenvolverem problemas neurológicos na sequência de uma cirurgia à artéria carótida interna.

Os investigadores aplicaram um algoritmo baseado em Inteligência Artificial, no qual incluem a calculadora de risco MICA (Gupta Perioperative Risk for Myocardial Infact or Cardiac Arrest), para determinar as características dos doentes que poderão ter problemas neurológicos intraoperatórios, se forem submetidos a esta operação, chamada endarterectomia carotídea.

Esta intervenção cirúrgica visa prevenir acidentes vasculares cerebrais (AVC) e em doentes com estreitamento ou obstrução das artérias carótidas internas. Estas importantes artérias localizadas no pescoço conduzem o oxigénio e sangue ao cérebro.

Embora seja muito usado, este tratamento pode ter como efeitos adversos défices neurológicos, como confusão e alterações na fala, na função motora e na consciência. Tais eventos podem, a curto e longo prazos, conduzir a riscos acrescidos de eventos cérebro e cardiovasculares.

Os autores do estudo, publicado no Journal of Clinical Medicine, descobriram que a obesidade é principal fator de risco independente para a ocorrência de défices neurológicos persistentes, na sequência deste tipo de cirurgia, e desenvolveram uma árvore de decisão terapêutica com base num algoritmo de inteligência artificial.

“Conseguimos prever os potenciais preditores associados ao aumento do risco desse evento adverso e, assim, aumentar o benefício da intervenção. Ao calcular e estratificar o risco de défices neurológicos, este novo algoritmo permite desaconselhar a cirurgia, em alguns casos, e otimizar um plano de tratamento alternativo adequado”, explicam os autores.

Segundo a equipa, “a utilidade clínica deste algoritmo poderá ser extensa, sobretudo no planeamento e otimização da qualidade de intervenção nestes pacientes, e será alvo de validação internacional”.

A cirurgia referida é a técnica recomendada para tratamento de doentes que têm estenose da carótida interna sem sintomas e, especialmente, com sintomas. Calcula-se que, em todo o mundo, 58 milhões de pessoas, sobretudo homens, tenham uma estenose carotídea que obrigue a realizar esta intervenção.

Este estudo foi desenvolvido por vários investigadores da FMUP, nomeadamente Juliana Pereira Macedo, Luís Duarte Gamas, António Pereira Neves, Joana Mourão, José Paulo Andrade e João Rocha Neves.

SO/COMUNICADO

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