12 Abr, 2023

Bastonário da OM quer “intervenção célere” em alegado caso de negligência

O Conselho Regional Sul da OM vai reunir-se na sexta-feira com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve por causa de alegada negligência no Serviço de Cirurgia.

A Ordem dos Médicos (OM) anunciou a criação de uma comissão técnico-científica de médicos independentes para avaliar os alegados erros e casos de negligência no serviço de cirurgia do Hospital de Faro. A decisão da OM surge depois de uma reunião  com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

“Acertámos com o Ministério da Saúde a criação de uma comissão técnico-científica de peritos, médicos independentes, que irão avaliar as denúncias que foram transmitidas e que são do conhecimento da Ordem dos Médicos”, disse o bastonário da OM, Carlos Cortes, em conferência de imprensa, no edifício da OM, em Lisboa.

De acordo com Carlos Cortes, o caso tem de ser avaliado de forma mais aprofundada, porque “há indícios de alguma gravidade”. “Perante a especificidade daquilo que nos foi relatado e perante a gravidade das queixas que nos foram transmitidas era importante termos aqui uma intervenção célere, por um lado, e consequente, pelo outro, para salvaguardar a segurança dos cuidados de saúde (…) e para assegurar também que as leges artis sejam respeitadas, isto é, as práticas médicas corretas sejam cumpridas”, observou.

Na segunda-feira, o Ministério Público (MP) instaurou um processo sobre alegados erros e casos de negligência no serviço de cirurgia do Hospital de Faro denunciados por uma médica interna na Polícia Judiciária.

Segundo a médica, em causa estão casos ocorridos entre janeiro e março com 11 doentes, dos quais “três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios” e os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida.

Carlos Cortes adiantou que teve conhecimento da denúncia na semana passada, após o que a comunicou ao conselho disciplinar da secção regional do sul da OM, ao MP, à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), à Entidade Reguladora da Saúde (ERS), ao Ministério da Saúde (MS), à Administração Regional de Saúde do Algarve e ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve – a quem foram pedidas “explicações urgentes”.

“Decidimos, em conjugação com o Conselho Regional do Sul, fazer uma primeira visita, uma primeira avaliação, no Hospital de Faro, conjuntamente com o Conselho de Administração, a direção clínica, a direção do serviço, os médicos especialistas do serviço e os médicos internos do serviço, para fazer um primeiro enquadramento”, acrescentou.

O representante dos médicos disse ainda que esteve contacto telefónico durante o fim de semana com a médica que fez as denúncias e que vai, em conjunto com Conselho Regional do Sul da OM e o Conselho da Sub-Região do Algarve da OM, acompanhar esta situação de forma próxima.

Carlos Cortes lembrou que o processo ainda está a ser avaliado e que, além da comissão de avaliação independente, o próprio Hospital de Faro terá de fazer a sua análise interna e a IGAS a sua intervenção. Questionado sobre se os médicos que cometeram alegados erros e atos de negligência haviam sido alvo de suspensão, o bastonário disse isso “é um aspeto que tem a ver com o Conselho de Administração” do Hospital de Faro.

LUSA

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