“As elevadas notas do secundário para Medicina não asseguram que se tenha capacidade de diálogo, empatia e compaixão”

José Manuel Amarante, Presidente da Comissão Instaladora do Mestrado Integrado em Medicina da CESPU, explica o que se pode esperar de um curso onde não basta ter boas notas para se ser médico.

Quais as particularidades do Mestrado Integrado em Medicina da CESPU?

Este é um projeto muito ponderado e rigoroso, o que nos permitiu criar um currículo que responde às exigências da saúde contemporânea. Desde logo, distingue-nos a capacidade de, no ensino clínico, garantirmos um rácio aluno-docente de 1/1 e de 1/2, o que garante um acompanhamento próximo a cada futuro médico. Cada estudante irá contar também com um tutor, que o acompanhará ao longo de todo o curso e também no início da carreira profissional. A nossa equipa docente é muitíssimo experiente, temos 103 doutorados entre os nossos 116 docentes e 86 dos nossos professores são médicos. Este Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é há muito ambicionado, não só dentro da nossa instituição, mas também pela comunidade em que nos integramos. Prova disso mesmo é que a implementação deste MIM conta com o apoio das 11 Câmaras que integram Comunidade Intermunicipal de Tâmega e Sousa, além da Câmara de Paredes, isto é, de toda a região onde a CESPU está sedeada.

 

Vão ter um protocolo com a ARS Norte. Em que consiste?

Temos um protocolo com a ARS Norte para o ensino clínico de medicina geral e comunitária, assinado há já algum tempo. Entretanto, sabendo que as unidades que prestam cuidados primários vão ser integrados nas Unidades Locais de Saúde, renovamos há cerca de dois meses os acordos com a ULS de Matosinhos, que integra 18 centros de saúde, e com a ULS do Nordeste, que integra 13 centros de saúde e ainda com o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa que, além do hospital Padre Américo, integrará futuramente vários centros de saúde na área em a que a CESPU está implantada. Estes acordos são de tal forma abrangentes que permitirão aos nossos estudantes adquirirem experiência real de trabalho em ambiente profissional urbano, rural, público e privado.

“Só o hospital Central, a que chamamos Hospital Escola, estão 549 camas, com valências praticamente em todas as áreas médicas, serviço de urgência, cuidado intensivos. Este é o Hospital Escola, como lhe chamamos, e que tem também residência universitária”

Têm protocolo com 11 hospitais, entre os quais se inclui o setor privado. É uma forma de dar a conhecer também como é a medicina privada na formação pré-graduada, já que muitos médicos estão a optar por essa via?

Permite uma escolha informada do futuro local de trabalho, mas, sobretudo, uma experiência abrangente e multifacetada dos nossos alunos em ambiente real de trabalho, tanto no setor público como privado, conhecendo e adquirindo experiência em todas as especialidades médicas. Por isso, temos um acordo com o Grupo Trofa Saúde com vista à articulação do ensino e implementação de investigação conjunta. Os nossos estudantes terão a hipótese de contacto com a realidade clínica em sete dos Hospitais da Trofa Saúde – aqueles que estão mais próximos da CESPU, na zona Norte do país. Ao todo, serão 1.095 camas hospitalares. Só o hospital Central, a que chamamos Hospital Escola, estão 549 camas, com valências praticamente em todas as áreas médicas, serviço de urgência, cuidado intensivos. Este é o Hospital Escola, como lhe chamamos, e que tem também residência universitária. Mas este MIM apresenta-se com um projeto abrangente que inclui naturalmente também unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde. São disso exemplo, o Hospital de Matosinhos (que para o ensino nos indicou para contratação como docentes CESPU de 18 médicos doutorados), o Hospital Padre Américo e os três hospitais de ULS Nordeste (Bragança, Macedo Cavaleiros e Mirandela).

 

Como será a seleção dos alunos?

Logo que aprovado o Mestrado, iremos solicitar à Direção-geral do Ensino Superior (DGES) que a seleção conte obrigatoriamente com uma entrevista vocacional. Vamos tentar recrutar estudantes que queiram mesmo tratar pessoas, valorizando, por exemplo, ações de voluntariado com idosos, crianças e doentes, entre outros aspetos. As elevadas notas dos estudantes do secundário para entrarem em Medicina não asseguram que tenham capacidade de diálogo, empatia e compaixão para com os outros, características fundamentais para se exercer clínica. Ora, nós queremos selecionar os melhores alunos, mas também os mais motivados para ajudar o seu semelhante, sobretudo em situações de fragilidade.

 

Que outras mais-valias gostaria de destacar neste Mestrado face às ofertas já existentes?

O facto de a CESPU ser uma cooperativa faz com que o ensino tenha características diferentes das outras Escolas que já ensinam Medicina. O nosso objetivo primordial é formar médicos preparados para os desafios atuais, por isso, no plano curricular reforçamos a Medicina Geral e Comunitária, a Saúde Pública, a Geriatria e os Cuidados Continuados e Paliativos, áreas que são de uma enorme importância em Portugal. No nosso Mestrado, criamos mesmo Unidades Curriculares autónomas para essas áreas e iniciamos a clínica geral logo no 3º ano. Outra mais-valia é o facto de a CESPU ensinar há 41 anos num ambiente onde convivem diversas áreas da saúde (da Enfermagem, à Medicina Dentária, Psicologia, Fisioterapia, entre muitas outras) e assim promover a multidisciplinaridade. Somos também cosmopolitas e multiculturais, graças à presença de uma forte comunidade de estudantes estrangeiros – 90% dos quais vindos da Europa.

Acresce que, entre as várias universidades estrangeiras com as quais temos protocolos de colaboração, muito nos orgulha a estreita ligação com a Universidade de Barcelona, uma das melhores do mundo, e que nos deu todo o apoio no planeamento deste curso.

 

MJG

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