2 Jun, 2023

Acesso à inovação terapêutica em Dermatologia

O acesso à inovação terapêutica é um tema que tem estado na ordem do dia, não apenas no que respeita à especialidade da Dermatologia, mas em muitas outras especialidades.

O acesso à inovação terapêutica é um tema que tem estado na ordem do dia, não apenas no que respeita à especialidade da Dermatologia, mas em muitas outras especialidades. “É importante falarmos deste assunto, porque têm surgido cada vez mais fármacos com muito maior eficácia terapêutica, para patologias em que há muito tempo não havia alternativas. Contudo, não estão acessíveis a todos os doentes com indicação para as fazer”, afirma António Fernandes Massa, moderador da palestra “Acesso à inovação terapêutica em Dermatologia”.

O dermatologista da Clínica Dermatológica Dr. António Massa refere que esta sessão foi pensada de forma a ser uma palestra com dois oradores – das áreas da Economia da Saúde e da Bioética – que vão dar à audiência a perspetiva destas duas vertentes. Depois desta exposição, vai ser realizada uma mesa-redonda, composta por dermatologistas do Serviço Nacional de Saúde e do setor privado, que vão falar da sua perspetiva e das dificuldades dos seus doentes, abrindo uma discussão à audiência acerca deste assunto.

“É importante não termos apenas a perspetiva médica sobre este assunto, mas também a perspetiva economicista e da bioética. Os dois palestrantes vão falar-nos de aspetos importantes: como facilitar o acesso dos doentes a estas terapêuticas que podem trazer uma maior eficácia, mas que têm também custos elevados, e como fazer uma melhor distribuição dos recursos; e ainda de como fazer melhores escolhas para os nossos doentes, lutando para que realmente tenham acesso a melhores tratamentos e qualidade de vida.”

E continua: “Vamos falar sobre o que está nas nossas mãos fazer pelos doentes, em princípios basilares de ética, que estudamos na faculdade, mas que devemos ir burilando, porque são muito importantes. É bom esmiuçar cada um deles, para percebermos de que forma podemos fazer um melhor uso destas terapêuticas e, também, para nos unirmos como especialidade.”

De facto, tal como menciona, estes avanços terapêuticos nem sempre estão acessíveis a todos os doentes, havendo alguma distinção, que pode ser por patologia, por zona geográfica ou pelo local da prescrição, se é feita por um médico do público ou do privado.

“Temos recursos finitos e temos de usar critérios estritos. Temos de defender o erário público, mas também temos de defender o nosso doente. Nós, médicos, temos o papel de tentar ajudar a que esta distribuição seja feita da forma mais equitativa possível, pela sua necessidade médica e terapêutica e não por outro tipo de condicionantes”, observa.

No entender do dermatologista, este tipo de discriminação não faz sentido, uma vez que não há qualquer critério clínico ou economicista, mas, a realidade é que são “criadas assimetrias entre doentes e patologias”.

“Os doentes não sabem deste tipo de diferenças, por exemplo, entre doenças com gravidades semelhantes. Por isso, têm de ser os médicos a defender o interesse da população, para que este tipo de distribuição de medicamentos seja feito com critério. Os doentes com indicação para fazer estas terapêuticas têm de ter acesso às mesmas.”

Esta sessão, constituída por palestra e mesa-redonda, vai contar com a participação de António Amorim Lopes, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, que se dedica à Economia da Saúde, e Rui Nunes, professor de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, na qualidade de palestrantes; e com Rui Tavares Bello, dermatologista do Hospital Lusíadas de Lisboa, que vai dar a sua perspetiva do privado, Alberto Mota, dermatologista do Centro Hospitalar Universitário de São João, e Gabriela Marques Pinto, diretora clínica do Hospital Santo António dos Capuchos/Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, vão dar a sua perspetiva do público.

 

Texto: Sílvia Malheiro

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