15 Jan, 2023

A saúde das pessoas mais idosas na MGF

“O médico de família é o especialista que está habilitado a acompanhar o doente idoso na sua saúde, não esquecendo o seu contexto social e familiar”, afirma Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.

O responsável vai participar no último dia das 37.as Jornadas de Cardiologia, Hipertensão e Diabetes numa conferência sobre “A saúde das pessoas mais idosas na Medicina Geral e Familiar”. Para o também médico de família na USF Salus, em Évora, o envelhecimento da população faz-se cada vez mais sentir na prática clínica, sabendo-se, atualmente, que este grupo ocupa, segundo “a média nacional, 25 a 30% das litas de utentes”.

Face a esta realidade e ao facto de a maioria apresentar multipatologia, são utentes que necessitam de cuidados permanentes, sendo utilizadores comuns dos cuidados de saúde primários (CSP). Torna-se assim “essencial” ter noção do “peso e do impacto desta população na atividade dos médicos de família”, de acordo com Nuno Jacinto. Como especifica: “É preciso estar atento às características particulares destes idosos que implicam não somente a prestação de cuidados, mas também uma boa gestão da terapêutica, porque, a grande maioria, é polimedicado.”

A atualização de conhecimentos em eventos e formações é importante, contudo o especialista alerta para a necessidade de se criarem melhores condições que ajudem o médico de família. “Não basta ter conhecimentos e ter vontade, as exigências do dia a dia nem sempre nos permitem dar a atenção mais adequada a estes doentes, inclusive nos cuidados domiciliários, na reconciliação terapêutica, na aplicação de tabelas e escalas de avaliação para cada uma das situações.”

Como a realidade não muda de um dia para o outro, Nuno Jacinto defende assim que os clínicos recorram a ferramentas já existentes, como por exemplo a avaliação geriátrica global (AGG). “Ajuda-nos a sistematizar  e a organizar o nosso pensamento no pouco tempo que temos de consulta, através da aplicação de escalas que dão uma ideia da saúde no seu todo, incluindo a componente social e familiar.”

Quanto à hipertensão e à diabetes mellitus, em foco nestas jornadas, o presidente da APMGF lembra que continuam a ser dois dos principais fatores de risco de doença cardiovascular. Daí que considere ser crucial manter o diálogo entre as diferentes especialidades. “Os doentes são únicos, não são apenas do médico de família ou do cardiologista”, salienta.

 

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